terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Jornais impressos sofrem duro golpe

O pior dos mundos para os jornais impressos começa a surgir no horizonte, com a instrução da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) que autoriza as companhias de capital aberto a publicar comunicados e fatos relevantes em portais da internet a partir de março.
Até agora, as empresas só podiam fazer essas publicações em jornais de grande circulação, o que, na prática, representava uma fonte de receita fácil e incessante para eles.
A medida foi pessimamente recebida pela Associação Nacional dos Jornais, a ANP, entidade que há anos vem exercendo um lobby fortíssimo pela manutenção do monopólio da publicação da chamada "publicidade legal".
A CVM, por sua vez, atendeu aos pedidos das empresas, que têm um custo elevado com a publicação desses comunicados.
A briga entre empresas e jornais, porém, está longe de terminar.

A medida da CVM não satisfaz inteiramente o desejo das empresas de capital aberto.
O que elas querem é que acabe a obrigatoriedade de publicação dos balanços anuais nos jornais impressos.
A medida adotada pela CVM é um indicativo de que em breve o pleito das empresas será atendido - e aí, sim, os jornais perderão uma das suas mais importantes fontes de receita.
Há jornais no Brasil que têm sobrevivido nestes últimos anos graças à publicidade legal, como o "Valor Econômico", que tem cerca de 80% de sua receita vinculada à publicação de balanços e comunicados empresariais - e por isso tem realizado investimentos pesados em formas alternativas de faturamento, como o serviço de tempo real lançado há cerca de um ano.
A situação da mídia impressa no Brasil é bem ruim.
Os principais veículos não conseguiram fazer a transição para a mídia eletrônica - estão ainda discutindo o que fazer com a internet, perplexos com o avanço veloz da "novidade" que já tem duas décadas de existência.
A verdade é que não há nenhum futuro para os jornalões - com ou sem a obrigatoriedade da publicação da publicidade legal.
No máximo, os patrões vão conseguir prolongar a agonia de seus negócios, muitos deles, como o Estadão, já em profundo coma.

5 comentários:

  1. A briga não está longe não, a partir de 2015 ninguém mais vai publicar balanços nesses 'meios de comunicações' ultrapassados, me mostre somente um aqui na minha rua quem compra ou lê jornal!?
    Única coisa estranha que faço é pagar guarda-noturno de motocicleta!!!!

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    1. É que, até agora, era OBRIGATÓRIO. Era uma lei ultrapassada. A partir de março, não será mais.

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  2. Prezado Motta
    Não seria mais fácil esses veículos fazerem JORNALISMO ao invés de PROPAGANDA POLÍTICA "de grátis" para o otariado oposicionista? Talvez com JORNALISMO sem a cavalgaduras usualmente pulsantes nas páginas de OPINIÃO conseguissem vender alguns MILHARES (talvez MILHÕES) de exemplares!
    O problema é que JORNALISMO precisa ser feito por gente SÉRIA... Que leve INFORMAÇÃO ao leitor, coisa que a imprensa-empresa não tem e, portanto, NÃO FAZ.
    Em tempo: O Otavinho & Bro vão gastar toda a herança tentando derrubar o Lula e o PT e seus aliados... E não vão conseguir... Os Mesquitas idem (aliás, estes já estão definitivamente no BURACO).

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    1. Há pouco tempo, O Globo, apesar da sua matiz sempre direitista, era um jornal de serviços. Quando havia algum reajuste, mudança ou mudança relevante, de qualquer espécie, eles publicavam gráficos, tabelas, alertas etc. Depois que se aliaram aos neoliberais isso deixou de acontecer pois pode influir nos lucros dos patrocinadores.
      Isto também aconteceu com o Extra do RJ, do mesmo grupo, que era um jornal popular e agora tenta convencer que o Cabral e a Dilma são do mal.
      Desde então, raramente comprei o globo, pois as notícias tem a versão de convencer o leitor contra seus interesses, na maioria das vezes.

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  3. Daqui uns anos uma criança ficará tão boquiaberta quando falarmos sobre a existência de jornais de papel, quanto ficam as de hoje quando falamos da existência de ficha telefônica.

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