A primeira notícia que tive da metrópole da qual havia fugido, na quinta-feira passada, ainda precariamente instalado no novo apartamento em meio às montanhas de Serra Negra, foi do tipo "não faltará pescado na Semana Santa", ou seja, não trazia nenhuma novidade: São Paulo vivia um caos no fim da tarde, começo da noite - em vez da chuva ansiosamente esperada para amenizar o calor de 36 graus e dar uma esperança de que o paulistano não morrerá de sede, a cidade foi castigada por um temporal daqueles bravos.
As notícias seguintes reafirmaram a tragédia em que se se transformou, nos últimos tempos, a vida na capital: metrô quebrado, acidentes de trânsito com mortos e feridos, congestionamentos recordes...
Morei em São Paulo por 26 anos, desde meados da década de 80.
No início até que a cidade era habitável, apesar de já dar todos os sinais de que a deterioração chegaria rapidamente.
Tenho a impressão que as coisas pioraram mesmo depois do governo de Marta Suplicy, quando seus sucessores criminosamente, e com a cumplicidade dos meios de comunicação, desmontaram suas principais obras, os CEUs e os corredores de ônibus.
Serra e Kassab arruinaram a capital.
Até hoje fico pensando em como uma cidade tão rica como São Paulo, com tanta gente competente em seus ofícios, com tanta gente bem intencionada, chegou ao ponto em que se encontra.
A única explicação que encontro está no fato de a cidade ser dominada por uma elite absolutamente alienada de qualquer preocupação social, uma casta voltada inteiramente para os seus interesses - que não são os da imensa maioria da população.
Ah, há uma classe média grande, igualmente reacionária, movida a preconceitos, que também pouco se importa com o bem-estar coletivo - ela quer é que outro se dane, desde que isso não atrapalhe a sua vidinha.
Agora tentam de todas as formas destruir o governo Haddad, que em um ano fez mais que Serra e Kassab em oito.
O atual prefeito é um obstinado, um sujeito obcecado, mas nem mil deles seriam capazes de dar um jeito em São Paulo.
Fui embora da capital justamente por isso: estou certo que a qualidade de vida vai piorar ainda mais naquele ambiente poluído de toda espécie de vícios.
Sinceramente, gostaria de estar errado.
Não vejo, porém, nenhuma possibilidade de me enganar nesse prognóstico, já que ele é construído com a força de uma oligarquia que prefere ver o fim do mundo a perder um milímetro de seus imensos privilégios.
Boa sorte, amigo!
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