sexta-feira, 31 de maio de 2013

Tombini pisa no tomate no Jornal Nacional

Tombini: juro alto é bom para o Brasil
(Foto: Wilson Dias/ABr)
É impressionante como esse pessoal do governo gosta de aparecer na Globo. A gente já sabe que o Banco Central, desde que detectou ruídos em sua comunicação, tem procurado falar uma linguagem única, mas o seu presidente, Alexandre Tombini, poderia ter aproveitado os minutos em que esteve no Jornal Nacional, na noite de quinta-feira (30), para dizer o que as pessoas comuns, aquelas que não vivem do rentismo nem são especuladoras, querem ouvir - que o juro alto faz mal à saúde da nação.

Em vez disso, porém, Tombini agiu como se fosse membro do board de um grande banco, Bradesco, Itaú ou Santander, tanto faz: usando o velho mote de que o compromisso da autoridade monetária - entenda-se o Banco Central - é com o controle da inflação, justificou a elevação da taxa básica de juros, a Selic, em 0,5 ponto percentual com o argumento de que a atuação do BC é para "preservar a renda dos assalariados" e  "a inflação mais baixa ajuda a reforçar a confiança, que faz bem para o PIB". Segundo ele, "estamos ajudando a consolidar esse processo de recuperação gradual da economia brasileira".
Como todos estão cansados de saber, juro alto esfria a economia, inibe os negócios, ferra com o empresário que quer investir, prejudica o trabalhador que quer comprar um bem de consumo, é, enfim, uma praga daninha para o desenvolvimento do pais.
O processo de queda de juros que o BC promoveu meses atrás, deixando as taxas em níveis civilizados, foi saudado por 90% da sociedade - apenas a turma do contra, incluindo os banqueiros, os rentistas e os especuladores, o desaprovou.
A grita desse pessoal foi seguida por um lobby tão intenso para o aumento da Selic, usando todo o seu poder na mídia para espalhar o pânico na população com essa história de que a inflação estava ficando incontrolável, que eles acabaram conseguindo o que queriam: fazer o juro subir.
Cada meio ponto percentual, para essa turma, representa muita grana. Para o combate à inflação, não faz efeito nenhum.
Ainda na sua entrevista ao JN, Tombini disse que a inflação no curto prazo vai cair. "Mas o trabalho do Banco Central é de atender seu compromisso não só no curto prazo, mas fazer com que os ganhos de redução de inflação, nos próximos meses, se prolonguem no tempo, é reforçar os pilares da economia brasileira para a dona de casa, para o consumidor e para os próprios empresários."
Um discurso bonito, que encobre uma das maiores vergonhas deste governo, que parece perdido em seu rumo, ora querendo agradar o imenso número de desvalidos que existem no Brasil, ora dando generosos presentes a uma oligarquia que nunca fez absolutamente nada pelo bem da população.

Um comentário:

  1. Tombini também deu entrevista à FSP. E explicou assim a alta da Selic: "Inflação baixa, sob controle, é uma condição necessária para o planejamento dos empresários, logo para o investimento. Uma inflação mais baixa milita na direção de um salário real mais preservado e reforça a confiança de empresários, dá tranquilidade quanto ao horizonte de planejamento". Tortinho, né?

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