terça-feira, 28 de agosto de 2012

Corrida assassina


O bicampeão mundial de automobilismo Emerson Fittipaldi e o presidente da Federação Internacional de Automobilismo (FIA), Jean Todt, conversaram, na semana passada, com a presidente Dilma Rousseff sobre a possibilidade de o governo federal fechar uma parceria com a FIA para a execução de uma campanha de segurança no trânsito.
Não ficaram definidas as primeiras medidas da parceria, mas, segundo Fittipaldi, a iniciativa deve começar com uma campanha publicitária na televisão. “A recepção foi muito positiva. A presidenta achou a ideia muito boa, vamos trabalhar juntos com os ministérios das Cidades e dos Transportes para desenvolver um plano de ação para a segurança de trânsito”, adiantou.
A FIA tem um programa global de segurança no trânsito, em parceria com organizações nacionais para reduzir o número de acidentes, conscientizar motoristas e cobrar medidas para estradas e carros mais seguros. De acordo com a entidade, todos os anos 1,3 milhão de pessoas morrem e 50 milhões saem feridas de acidentes de trânsito.
No Brasil, segundo Fittipaldi, o número de mortos no trânsito chega a 40 mil por ano. As estatísticas mostram ainda que são mais de 500 mil feridos anualmente e os prejuízos com os acidentes são da ordem de R$ 35 bilhões anuais. O bicampeão, que venceu os campeonatos de Fórmula 1 em 1971 e 1974, disse que a ideia da campanha é usar as experiências de segurança do automobilismo profissional para melhorar a situação nas ruas.
A iniciativa é louvável e extremamente necessária. Qualquer um que ande pelas ruas e estradas vê os absurdos cometidos por motoristas imprudentes e irresponsáveis, sem o mínimo preparo para conduzir veículos ou com consciência de que as leis de trânsito existem para serem cumpridas.
É impressionante como as infrações, de todos os tipos, estão aumentando e, inversamente, diminui a fiscalização no trânsito.
As ruas e avenidas paulistanas se transformaram em terra de ninguém, onde cada um faz o que quer, ignora completamente a sinalização, expondo pedestres e outros motoristas a graves riscos.
As estradas, então, viraram pistas de corrida para Fittipaldi nenhum botar defeito.
Se o limite é  de 100 km/h, os carros vão a 130 km/h; se o limite é de 120 km/h, eles não se contentam com menos de 150 km/h.
A prefeitura faria um bom dinheiro se alugasse Interlagos para esses pilotos frustrados.
E ganharia uma fortuna se multasse esses inconsequentes que, não se sabe como, têm permissão para dirigir veículos automotores.
Uma campanha educativa vem em boa hora, mas não vai adiantar muito. Os acidentes, os ferimento, as mortes e todo o sofrimentos causados por esses milhares de bandidos que se julgam motoristas só vão diminuir quando eles forem severamente punidos pelos absurdos que cometem.

Um comentário:

  1. Motta, esse tema de tráfego é extremamente complexo.

    Velocidade não é um problema em si. Perigoso não é fazer uma curva que permite 100 km/h a 100 km/h: é fazer uma curva que permite 30 km/h a 31 km/h.

    Aqui, os limites impostos pelas autoridades são, várias vezes, absurdamente baixos - exatamente para arrecadar mais com multas.

    Na Alemanha, existem as "autobahnen" (estradas nas quais não há limite de velocidade em longos trechos). Anda-se normalmente a 150, 180, 200 km/h. Ou mais até. Dirigi certa vez em uma delas (estava cobrindo um lançamento da Mercedes-Benz) e me senti mais seguro andando a 240 km/h na autobahn do que a 80 na Marginal. Na Alemanha, quem quer andar devagar usa as faixas da direita - e leva uma multa pesada se "travar" a faixa da esquerda, que deve ser usada somente para ultrapassagem. Funciona: o tráfego alemão, reconhecidamente, é um dos mais seguros do mundo.

    Só que... 1) Lá, a criança recebe lições sérias de trânsito desde a mais tenra idade; 2) Não há a impunidade que campeia por aqui; 3) As estradas são muito melhores (e os pedágios têm preços coerentes em vez da extorsão praticada por aqui, especialmente em SP); 4) E os carros, nem se fala. Se alguma das fabricantes instaladas no Brasil aparecesse na Europa, EUA ou Japão vendendo carro 1.0 sem ar condicionado, airbag e ABS, ao preço que pratica aqui, seria exposta à execração pública; 5) As próprias fábricas contribuem com estudos sobre segurança.

    Você menciona o aluguel de Interlagos para "rachadores". Isso chegou a acontecer em diferentes períodos. No entanto, a atual administração municipal (escrevi "administração"?) está fazendo justamente o contrário: cobra fortunas pelo uso do autódromo e inviabiliza seu uso pelos eventos "pobres" (competições de arrancada, escolas de pilotagem, campeonato paulista). Ao mesmo tempo e fecha a escola de mecânica, proíbe o uso das quadras esportivas existentes lá dentro. Somente eventos "ricos" (Fórmula 1 e algumas categorias nacionais) conseguem usá-lo. É o primeiro passo para alegar que o espaço é ocioso e deve ser loteado para construção de prédios - o verdadeiro interesse dos atuais "administradores". Foi exatamente assim que fizeram com Jacarepaguá.

    Desculpe o longo comentário. E ainda há mais a escrever...

    Abraços! (LAP)

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