quinta-feira, 19 de abril de 2012

Dormindo com o inimigo


Agora que já se sabe que a revista Veja recorreu aos préstimos do crime organizado para publicar as "denúncias" contra o governo petista ao longo de todos esses anos, numa simbiose escandalosa, não é mais admissível que continue recebendo as gordas verbas publicitárias de estatais e órgãos da administração direta. Uma coisa é prezar a liberdade de imprensa, outra é ajudar os inimigos financeiramente, ainda mais quando já se sabe que eles se valem de práticas ilegais para municiar o noticiário.

Corporativismo?
O silêncio da imprensa em geral em relação ao caso Veja é mais que a demonstração de um "esprit de corps" inconveniente a essa altura dos acontecimentos. Parece que há um entendimento que, se a revista afundar, grande parte do arsenal oposicionista desaparecerá. A derrota teria consequências gravíssimas para a coalização empresarial/política que luta para tirar o poder dos petistas. Por isso a tampa do esgoto será mantida fechada o maior tempo possível e só será retirada quando o mau cheiro ficar insuportável.

Plim-plim
Não há dúvida que muita coisa vai mudar no Brasil depois que a CPI do bicheiro Carlinhos Cachoeira for instalada. Seria interessante que, aproveitando tudo o que necessariamente virá, todo o clamor popular pela moralização dos costumes públicos, o tema da regulação dos meios de comunicação volte à tona. Isso porque chega a ser indecente o poder exercido por uma Rede Globo, só para ficar no exemplo mais evidente. As pessoas têm de ser convencidas que rádio e televisão são concessões públicas, não meras empresas que visam tão somente o lucro, e, portanto, devem ser obrigadas a cumprir certos pré-requisitos para funcionar. É assim em todo o mundo dito civilizado, por que não seria no Brasil?

Ansiedade
Os ministros do Supremo Tribunal Federal, sempre tão cautelosos em suas ações, parecem ter sido acometidos de um repentino surto de ansiedade. É difícil entender essa pressa toda para julgar o que a imprensa corporativa chama de mensalão. Será porque haverá eleições no segundo semestre e uma eventual condenação de políticos conhecidos, como o ex-ministro José Dirceu, poderá servir de munição para as forças conservadoras? Será que o distinto STF dará a todos os réus do processo ampla possibilidade de defesa? Ou, como muitos esperam, fará um julgamento político, apenas um simulacro?

Embromação
Nem bem saía o resultado da reunião do Copom, que baixou o juro básico da economia, a taxa Selic, mais 0,75 ponto porcentual, para o menor nível em dois anos, a Força Sindical já distribuía seus releases às redações, condenando, claro, a decisão. Segundo a central, controlada pelo notório Paulinho, o corte de juros deveria ser mais amplo. O release não explicava, porém, os efeitos que uma derrubada drástica da Selic traria à economia em geral - e, em particular, aos trabalhadores. A palavra que existe para definir atitudes como essa da Força está meio em desuso, mas já foi amplamente utilizada  no pais em outros tempos: trata-se de "demagogia".

Novo mundo
Já existem no Brasil cerca de 99 milhões de computadores, o que dá uma máquina para cada duas pessoas, em média. O número explica as mudanças que se processam no mercado editorial e nos meios de comunicação, com os jornais tradicionais perdendo leitores, com a televisão perdendo audiência. Em pouco tempo o poder da internet vai aumentar ainda mais, com a difusão dos tablets e smartphones. É um mundo novo que chega, admirável.

2 comentários:

  1. "Agora que já se sabe que a revista Veja recorreu aos préstimos do crime organizado para publicar as "denúncias" contra o governo petista ao longo de todos esses anos, numa simbiose escandalosa, não é mais admissível que continue recebendo as gordas verbas publicitárias de estatais e órgãos da administração direta."

    Eu digo mais: precisamos fazer uma campanha para que mesmo as empresas particulares deixem de anunciar na Veja, que é parte de um esquema mafioso e por diversas vezes tentou desestabilizar um governo legitimamente eleito.

    Vamos fazer um tuitaço nesse fim de semana, com a hashtag #VejaBandida, mas com foco nos anunciantes -- todos aqueles que, sabendo do escândalo, continuarem a anunciar na revista deverão ser penalizados.

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  2. Eu parei de assinar a Veja depois de 11 de setembro...

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