quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Não ganhou por quê?


Tempos atrás, quando o jornalismo ainda era uma profissão, os coleguinhas faziam um debate interessante: haveria lugar para o trabalho de ex-jogadores de futebol como comentaristas no rádio e na televisão?
As opiniões se dividiam. Alguns achavam que a árdua tarefa de levar aos ouvintes e telespectadores o retrato do jogo, com todas as suas nuances, deveria ser apenas de um jornalista especializado. Outros achavam isso uma rematada bobagem. Argumentavam que só quem esteve lá, no gramado, tinha condições de dizer que o time A estava melhor que o B porque, por exemplo, "dominava o meio de campo".
Havia quem adotasse uma posição intermediária. Os ex-jogadores eram bem-vindos, mas apenas como convidados, em ocasiões especiais, grande jogos, decisões de campeonatos.
Hoje, quando o jornalismo não existe mais, graças à decisão do Supremo Tribunal Federal que acabou com a obrigatoriedade do diploma de curso superior específico para o sujeito trabalhar na imprensa, dando oportunidade para que até um completo analfabeto se intitule "jornalista", essa discussão não faz mais sentido. Ainda mais porque as emissoras de rádio e TV que transmitem jogos de futebol estão entupidas de ex-jogadores em sua programação.
E os há de todos os tipos: os que foram craques e os apenas esforçados; os que estão sempre no muro e os que são enfáticos em suas opiniões; os que têm sotaque caipira e os de sotaque carioca. E por aí vai.
Em comum, têm apenas uma coisa: o absoluto desprezo à língua portuguesa - e à lógica.
Parece que, quanto mais ofensas fazem ao idioma - e à lógica -, mais sucesso conquistam.
Há, porém, casos que desafiam toda a boa-vontade que possa existir num ser humano.
Como o ex-atacante Muller, figurinha fácil do SporTV. Chamado a opinar sobre os motivos que levaram o Vasco a não ganhar o jogo de ontem contra o Palmeiras, ele se saiu com essa:
- O Vasco fez um gol cedo demais. Faltou fazer outro gol.
Não contente com esse primor de raciocínio, que elimina qualquer dúvida sobre as razões de o time carioca não sair com a vitória, Muller completou:
- O Vasco subestimou a fragilidade do Palmeiras.
E ainda há quem queira obrigar os jornalistas a ir para a escola. Do jeito que está é muito mais divertido.

Um comentário:

  1. Eu diria que essa história de jorna-
    lista nao ter diploma começou com a
    malfadada entrevista que o locutor
    da band luciano do valle deu há uns
    3 anos atrás, quando desancou a im-
    prensa paulista por ter um monte de
    profissionais que não eram jornalistas. Depois kajuru respondeu
    à altura ao luciano "bolacha".
    Ironias à parte, luciano do valle tem
    que engolir a pleiade de comentaristas não jornalistas que
    atuam na band, a começar pelo mais
    polemico deles, o jecaipira neto,
    que seria um excelente chico bento.
    Teoricamente, num programa de tv
    onde deveria ter profissionais do
    ramo, tem-se 3 ex-jogadores e um
    radialista, sendo que de fato
    eventualmente jornalista lá é a
    menina que lê os tuiters do povo.

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