quarta-feira, 16 de novembro de 2011
Não tem mais bobo no futebol
O derretimento financeiro da Europa e a estabilidade brasileira têm feito o que antes se julgava impossível: os nossos jogadores de futebol preferirem o real ao euro.
O caso do santista Neymar, que rejeitou proposta milionária do badalado Real Madrid é um claro divisor de águas. Mas também um indicador de que os valores que os clubes daqui começaram a pagar para seus principais atletas está completamente fora da realidade.
Esse fenômeno recente não indica que as agremiações brasileiras estejam nadando em dinheiro. Ao contrário, mesmo depois que a Timemania começou, elas só têm aprofundado suas dívidas. Pelo menos parece que algumas descobriram que podem compensar as suas finanças desequilibradas com ações de marketing, e foi por meio delas que o Corinthians, primeiro, conseguiu a façanha de levar Ronaldo para integrar seu quadro de funcionários.
Vários outros clubes seguiram o exemplo corintiano.Alguns, como o Flamengo, ainda não conseguiram o mesmo êxito financeiro com Ronaldinho Gaúcho, mas o fato é que as empresas estão vendo no futebol a oportunidade de se colocar numa imensa vitrine, vista por milhões de fanáticos consumidores.
Como, porém, os nossos cartolas agem, na maioria das vezes, como se estivessem permanentemente nas arquibancadas dos estádios, ao lado dos torcedores, na maioria das vezes incorrem em erros de avaliação primários, como supervalorizar determinados atletas, achar que eles serão capazes de desempenhar, além de suas funções táticas no campo de jogo, outras mais complexas, como as de garoto-propaganda ou relações públicas, ou qualquer outra que renda dividendos financeiros ao empregador.
Para tal, são atraídos por contratos estratosféricos, com valores maiores que muitos clubes europeus de ponta.
O caso mais recente dessa distorção é a do atacante Kleber, que, segundo o noticiário da nem sempre séria imprensa esportiva, está se transferindo para o Grêmio por salários de R$ 500 mil e luvas de R$ 1 milhão - é muito dinheiro para um jogador mediano, de média eficiência na sua função de fazer gols e criar condições para outros fazê-los, que se destaca principalmente por criar casos com colegas e árbitros, dentro do campo, e com cartolas, torcedores e técnicos, fora dos gramados.
No mínimo, o Grêmio corre o risco de ver o alto investimento que está fazendo se transformar em prejuízo em médio prazo. Mas como os clubes de futebol brasileiros não são empresas, como seus dirigentes não têm responsabilidades com os números apresentados pelos balanços, como justificam com a maior facilidade do mundo qualquer rombo milionário da contabilidade, como têm como respaldo para qualquer loucura ou irresponsabilidade que possam cometer a paixão extrema da torcida, eles podem continuar a agir como se estivessem num cassino em que cada aposta serve para tapar a perda anterior.
Os locutores esportivos, entre seus inúmeros chavões, dizem, quando uma equipe menos qualificada equilibra o jogo contra a favorita, que "não existe mais bobo no futebol". E não é que têm razão? Pois graças a uma legislação caduca e frouxa, que beneficia a má gestão e o amadorismo, os espertos se multiplicam a cada dia.
Os bobos, milhões deles, não participam desse jogo, apenas assistem a ele.
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