sábado, 12 de março de 2011

Haja eficiência!


Uma das maiores balelas que já ouvi na vida é sobre a eficiência do setor privado. A mentira é repetida sem parar, com a clara intenção de reforçar a ideia de que o mercado é a panaceia para tudo, os empresários são os escolhidos pela divindade para dar um jeito na Terra, e tudo que vem do Estado - o federal, óbvio - não presta.
Se a gente parar um segundo para pensar, vai ver que esse é o maior papo furado da história. As empresas - pelo menos as brasileiras - são, em geral, de uma incompetência de dar dó. Fabricam produtos de qualidade duvidosa, prestam serviços ruins e desprezam os mais elementares direitos dos consumidores.
Não importa se são grandes ou pequenas. Pelo menos no quesito ruindade elas se equivalem. E isso tem uma explicação: a ganância, a sede de lucros cada vez mais rápidos e fáceis, a vontade, implícita nas suas ações, de sempre levar vantagem sobre o concorrente, sobre consumidor, sobre o Fisco.
Afinal, este não é um regime capitalista? E o capitalismo não é exatamente isso, uma competição desmedida, feroz, mortal, pelo lucro? Os economistas não dizem que o mundo tem progredido devido ao "instinto animal" do empresário?
Outro dia aconteceu comigo um fato que demonstra o grau de ruindade das empresas brasileiras.
Precisei trocar de celular, porque a bateria do velho durava um dia, e olhe lá. Comprei o aparelho novo na loja virtual da Vivo e lá mesmo estavam as instruções sobre como fazer o bichinho funcionar. É que o velho não tinha o tal chip e o novo, sim.
O aparelho chegou, segui as instruções e liguei para o número da Vivo indicado pelas "instruções". Nem preciso dizer que fiquei longos minutos ouvindo aquela musiquinha ridícula. Mas pior foi o que se passou depois. Se fosse contar todos os detalhes das várias conversas que tive com os vários atendentes com quem falei, esta crônica seria tão longa quanto a circunferência da Terra. Basta dizer que ninguém da Vivo sabia sequer o que eu estava pedindo. Parecia que eu era um alienígena à procura de  informações sobre como voltar ao meu planeta natal. E eu só queria habilitar o novo celular!
Claro que o telefonema caiu. No dia seguinte, arrisquei outra ligação para o mesmo número indicado pela Vivo e descobri - bingo! - que a operação de habilitar o aparelho só podia ser feita numa loja da operadora. Nela, o rapaz que me atendeu demorou menos de três minutos para levar vida ao meu celular.
Esse longo e dolorido processo serviu, pelo menos, para duas coisas: primeiro, descobrir que a Vivo, embora seja uma empresa de telefonia, não sabe trabalhar por telefone, e, segundo, que não devo seguir  instruções de quem não tem a mínima noção do serviço que presta.
E, para concluir: o celular, da marca Nokia, em duas semanas de pouquíssimo uso, já deu o primeiro sinal de que é outra bela porcaria, ao se recusar a ligar - precisei tirar a bateria e recolocá-la  para que a engenhoca funcionasse.
É, nada se compara à eficiência do setor privado.

Um comentário:

  1. Além de ser mentira a tal e presumida "eficiência" do setor privado, ele atualmente é no mínimo OLIGOPOLIZADO, quando não monopolizado. E aí as empresas "deitam e rolam" no consumidor.

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