sexta-feira, 11 de março de 2011

Bendita internet!


De maneira discreta, num comunicado seco, o Estadão anunciou o cancelamento de todas as assinaturas do jornal no Nordeste e outras cidades distantes de sua sede.
Passa a circular, portanto, no Estado de São Paulo, Brasília, Rio, e algumas capitais. Fora de terras paulistas, porém, sua circulação deve ser insignificante. Mesmo no Interior, sobrevive graças aos assinantes mais antigos, mais fiéis, aqueles que ainda consideram o jornal sua Biblia ideológica. Anos atrás, quando ainda não estava na descendente, não tinha nem mil assinaturas no Rio.
Essa medida extrema adotada pelo Estadão tem um significado simbólico muito importante. É mais um passo fora dos limites do papel, rumo a outras mídias. É mais um ponto a considerar no argumento daqueles que dizem que o jornal impresso se encontra à beira da extinção.
Grandes investimentos estão sendo feitos neste momento, sem alarde, pelos grupos empresariais que dominam a imprensa no país.
O objetivo é arranjar um jeito de sobreviver financeiramente, no mundo digital, sem a receita que sustenta hoje os negócios que têm base no papel, e que é gerada pela publicidade legal (os balanços que as companhias abertas têm de, obrigatoriamente, publicar todos os anos) e por outros tipos setorizados de propaganda, como a do ramo imobiliário e de veículos, por exemplo.
A transformação que o país verá, nos próximos anos, no setor de comunicação, será profunda. A disseminação da banda larga e a popularização dos tablets e dos smartphones, vai revolucionar a transmissão e a fruição da notícia.
É um novo mundo que está a vir. E, nele, tudo indica, muitos dos atuais protagonistas virarão coadjuvantes e muitos novatos se firmarão como importantes personagens.
Restará aos saudosistas desta mídia tradicional chorar o tempo em que verdades eram decretadas todos os dias por meio de uma tecnologia centenária, hoje já tão arcaica como uma peça de museu.
Bendita internet!

2 comentários:

  1. Não tem porque publicar balanços em jornal impresso, as empresas já colocam nos sites para qualquer pessoa consultar, aliás, é bem mais fácil pela internet.

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  2. É por aí. Nesses tempos de notícias instantâneas (e descartáveis), quando o jornal chega às bancas já está velho. A mídia impressa terá de se adaptar, sob pena de ir fazer companhia à indústria fonográfica no museu.

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