quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Judeu, roqueiro, brasileiro

Luiz Fux: para a Folha, é relevante que ele seja judeu

"Indicado para o Supremo, carioca Luiz Fux será o 1º judeu na corte". Esse foi o título de primeira página da Folha sobre a indicação do juiz para o STF na vaga de Eros Grau. Por ele, ficamos sabendo que Fux é carioca e judeu. Também que, no Brasil, nenhum judeu ocupou o cargo de ministro do Supremo até agora.
Não tenho a menor ideia dos critérios usados pela Folha para fazer a titulagem da capa. Nesse caso específico, a matéria, em página interna, trazia a informação de que Fux é judeu lá no fim, depois do intertítulo "Guitarrista": "Fux será o primeiro judeu do Supremo, corte com ministros tradicionalmente ligados ao catolicismo.
Na adolescência, foi guitarrista de uma banda de rock e faixa preta de jiu-jitsu.
Já dividiu palco com a cantora Daniela Mercury e tinha banda chamada "The Five Thunders" [os cinco trovões]."
O fato de a Folha ter destacado que Fux é "judeu" me chamou a atenção por um detalhe.
Parece que o jornal não destaca a descendência do juiz, mas sim a sua religião. Sendo assim, dá uma importância desmedida a essa circunstância - ser judeu e não católico pode influenciar de alguma maneira seus julgamentos? Acho que não. Dessa forma, qual a relevância da informação?
A hipótese mais lógica é que o jornal decidiu que "judeu" era um elemento mais chamativo que, por exemplo, "roqueiro" - a notícia informa que Fux foi guitarrista de banda de rock e chegou a dividir palco com a cantora Daniele Mercury - ou lutador de jiu-jitsu - informação que também consta da matéria.
Se foi realmente por isso que a Folha decidiu sair por esse caminho, só tenho a lamentar. Embora o jornal faça tudo para se mostrar "avançado", "contemporâneo", "antenado" com todos os modismos daqui e de fora, não sei se salientar a religião - ou a descendência - de alguém seja, como se diz hoje, uma atitude "politicamente correta" - ou simplesmente conveniente.
Fux pode ser judeu, carioca, roqueiro, lutador de jiu-jitsu, mas, tudo indica, foi nomeado ministro do Supremo por razões mais importantes. E estará lá justamente para, entre outras coisas, ajudar na tarefa de fazer com que rótulos desse tipo não acabem se tornando odiosas discriminações - ou preconceitos.

2 comentários:

  1. É ASCENDÊNCIA , QUER SOAR TÃO POLÊMICO E É UM JEGUE...

    O QUE O JORNAL QUIS DIZER É QUE ELE "FOI O CARA COM MAIORES DIVERSIDADES CULTURAIS" QUE CHEGOU AO CARGO.

    AGORA QUANDO QUEREMOS ENCONTRAR CHIFRE EM CABEÇA DE CAVALO...

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  2. Prezado,
    não entendi o motivo de tanta violência.
    Segundo o Aulete, o termo "descendência" significa "1. Parentesco determinado por proveniência de um antepassado comum. 2. Grupo de pessoas aparentadas por filiação a um antepassado comum".
    Não creio, portanto, que tenha errado em usá-lo. E mesmo que tivesse cometido um erro, acho que ser chamado de "jegue" por isso é um tanto quanto, digamos...radical, para não dizer outra coisa.
    Por fim, você pode discordar de tudo o que escrevi, mas não vou permitir que você ou qualquer outra pessoa use este espaço de comentários para ofender a mim ou a quem quer que seja.
    Educação é o requisito básico para quem pretende dialogar comigo.

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