quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

A cara do povo


O candidato do governo à presidência da Câmara dos Deputados, Marcos Maia, do PT gaúcho, venceu a disputa com facilidade. Dias antes, Sandro Mabel, do PR, partido que integra o bloco situacionista, tentou melar o acordo político feito para eleger Maia, lançando-se candidato das "bases", com promessas de alto teor demagógico, mas bem ao gosto do chamado "baixo clero", os deputados que se movem ao sabor dos ventos fisiológicos e oportunistas - aqueles que levaram Severino Cavalcanti aos píncaros da glória.
A manobra de Mabel não deu certo, embora tenha recebido uma centena de votos. O governo pode ficar, por enquanto, mais ou menos tranquilo sobre o grau de fidelidade dos parlamentares que o apoiam. Nada, porém, que não prescinda de um trabalho incessante de convencimento, afagos e muita conversa. Afinal, a ideologia está presente na Câmara e no Senado, mas não deve ser vista como o altar onde são celebrados os ritos tradicionais dos embates politicos, mas sim como o próprio oficiante do culto, um ser de carne e osso, sujeito, portanto, às tentações.
Há quem diga que este Congresso que inicia seus trabalhos será exatamente como os anteriores, irremediavelmente alheio aos anseios do mundo real, este que torna Brasília uma ilha da fantasia. Para essas pessoas, a classe política não tem jeito. É formada apenas por oportunistas ou negociantes, duas categorias que se confundem em atividades nada dignas do mandato que receberam do povo.
É certo que entre essas centenas de pessoas escolhidas para formar o microcosmo do país há muitas que nem sabem ao certo por que terão de vestir terno e gravata, participar de reuniões monótonas e debater temas distantes do seu dia a dia. Sua Excelência, o palhaço Tiririca, "vote em mim porque pior não fica", que o diga.
Mas alguém já pensou o que seria o nosso Parlamento se para lá fossem apenas os sábios, os dignos, os justos, os corretos, os incorruptíveis, os circunspectos, os cândidos?
Eles poderiam ser chamados de representantes do povo brasileiro?

Nenhum comentário:

Postar um comentário