quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Tró-ló-ló

O governador paulista José Serra quebrou, nesses últimos dias, o hábito de se ausentar das situações que podem lhe ser, de algum modo, incômodas.
Serra não apareceu na cena de nenhuma das grandes tragédias paulistas recentes - o buraco do metrô, a enchente do Jardim Pantanal, o desabamento do viaduto do Rodoanel - , mas já esteve duas vezes em São Luiz do Paraitinga, cidade histórica que foi quase toda destruída por uma inundação e que, pela extensão do drama, foi visitada por inúmeras equipes de reportagem.
Da primeira vez, logo depois do desastre, sugeriu que o tradicional Carnaval luizense fosse mantido. A prefeita, ao seu lado, disse que isso era impossível, pois antes precisava ter uma cidade.
Da segunda vez foi mais prático. Anunciou algumas medidas, tímidas, é verdade, para que São Luiz do Paraitinga retome sua vida normal.
Disse estar preocupado com a recuperação do patrimônio histórico. Foi então que mostrou porque é considerado por alguns dos seus seguidores não só um gestor competente, mas um verdadeiro gênio da raça, a única pessoa do mundo capaz de resolver qualquer problema, desde a epidemia da dengue até as contas externas do país, passando, é claro, pelo incômodo causado pela fumaça do cigarro e pela compra das bananas por dúzia.
Segundo Serra, a prioridade do esforço do governo será a reconstrução da igreja matriz de São Luiz do Paraitinga, que ficou inteiramente destruída na inundação.
"O pessoal ligado ao patrimônio histórico gosta de discutir muito, mas não há tempo para muita discussão", disse Serra. "A prioridade é reerguer a igreja, construir do jeito que ela era, com materiais mais modernos, até porque, não ficou nada. Desde que se respeite a arquitetura histórica."
E ninguém tinha pensado nisso antes: uma igreja toda nova, com materiais modernos (concreto, kevlar, alumínio?), mas do jeito que ela era antigamente.
Uma igreja falsa, dissimulada, um templo construído para lembrar de certos políticos ambiciosos e vazios que vivem apenas de factóides.

Um comentário:

  1. Na queda do avião em Congonhas ele chegou antes que os bombeiros. Eu nem sabia direito o que tinha acontecido, liguei rádio, TV e só dava Serra. Deu mil entrevistas dizendo que avião é problema federal, mas mesmo assim ele estava lá para "ajudar".

    ResponderExcluir