terça-feira, 29 de dezembro de 2009

A intolerância

O reconhecimento internacional, em forma de prêmios, citações elogiosas na imprensa, condecorações, inclusão em listas as mais diversas, não foi suficiente para o presidente Lula superar os preconceitos de que é vítima em seu próprio país.
Depois de sete anos de governo que renderam ao Brasil melhorias significativas nos campos econômico e social, ainda são muitos as pessoas que se referem a ele como um ignorante que só chegou onde chegou e sobrevive no cargo por ter muita sorte.
Essa situação ambígua, em que os mais poderosos do mundo denominam Lula "o cara", enquanto no campo doméstico são feitas tentativas diárias para ridicularizá-lo, sugere que acima de qualquer ideologia, prevalece a estupidez.
Ninguém é obrigado a gostar do outro - isso é da natureza humana. Nas situações cotidianas, frequentemente deparamos com sujeitos que nos são absolutamente intragáveis, embora não nos tenham feito nenhum mal e, ao contrário, nos tratem com toda a urbanidade possível. Há quem diga que isso é uma prova da superioridade do espírito sobre a matéria: popularmente se diz que não houve "química" entre duas pessoas.
Mesmo quando isso acontece, porém, a razão prevalece: você pode não gostar do dono da padaria da esquina, mas não deixa de comprar nela seus pãozinhos por uma série de comodidades.
No caso do presidente Lula, parece que os mais pragmáticos, como grande parte dos empresários ou dos políticos, aparentemente superaram a antipatia e aprenderam a respeitar as suas virtudes. Pode ser que, privadamente, ainda se refiram a ele do modo pejorativo que sempre acompanhou a sua trajetória. Talvez ainda contem e riam com as mesmas piadas de dez, quinze anos atrás. Mas, pelo menos, reservam esses momentos para seus círculos mais íntimos.
Na vida, como em tudo o mais, valem os exemplos. E o legado dessas pessoas que fazem questão de agir dissociadas da realidade, como verdadeiros esquizofrênicos, espalhando calúnias, semeando infâmias, plantando sementes de ódio, não poderia ser pior.
Seus ataques de fúria contra a figura do presidente podem, ocasionalmente, sensibilizar uma ou outra personalidade mais fraca, mas revelam, especialmente, que ainda sobrevive na sociedade o perigoso fermento da intolerância, que tantos males causou à humanidade.

3 comentários:

  1. Impressionante como em determinados círculos existe esse comportamento padrão, essas "criticas" padrão. Presenciei isso pessoalmente tb. Primeiro ficaram meia hora falando mal do Lula, nada de concreto, apenas preconceitos, até que um falou: "mas precisamos reconhecer que nunca estivemos tão bem quanto agora". E todos balançaram a cabeça, como se tivessem aberto uma brecha, uma exceção, para falar bem do Lula. Em seguida voltaram ao assunto "corrupção".
    Parabéns pelo blog.

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  2. Todos, e são realmente todos, meus conhecidos se referem ao Lula de modo perjorativo. Os comentarios são inconsistentes, sem nenhuma conexão com a realidade. Mesmo assim eles o odeiam. E´ um grande alivio saber que muito mais pessoas pensam como eu , que não estou sozinha em minhas opiniões. Acho que ando falando com as pessoas erradas...

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  3. Local: condominio classe média alta no interior de SP.

    Mês e Hora: 22:10 / 13/11/2009

    Evento: Vizinhos (8 pessoas) papeando e apreciando o ar fresco.

    O mais velho, de 79 anos comeca a falar de política, e claro, fala da corrupcao e diz que tudo é culpa do Lula e do PT.

    Silêncio, ninguém fala nada e se olham constrangidos.

    Uma mulher para quebrar o silencio, solta o verbo, suscinta e rapidamente: Eu acho que o Lula é o melhor presidente que esse país já teve. Depois que a mulher falou, mais 4 pessoas concordaram e os outros ficaram quietos.

    Muitos que apoiam o governo tem medo de admitir isso perante os amigos amantes da velha maneira de se falar política no Brasil. Que saiam do armário todos eles.

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