domingo, 6 de março de 2016

As tropas dos lava-jatos são poderosas demais

A correlação de forças entre a esquerda e a direita brasileiras na batalha pelo poder pende fortemente para as tropas que correm no sentido anti-horário.

É delas o controle do Judiciário, dos meios de produção e comunicação, de grande parte dos poderes Executivo e Legislativo.

E, por último, mas não menos importante, das Forças Armadas.

Perto delas a esquerda é tal qual um exército brancaleone, de tropa maltrapilha, exígua e mal equipada.

Os trabalhistas, que ocupam o Palácio do Planalto desde 2003, na verdade nunca exerceram o poder que poderia derivar da chefia do Estado brasileiro.

As enormes concessões feitas por Lula, primeiro, e depois por Dilma ao "mercado" e ao empresariado, são provas incontestes de que seus governos nunca tiveram a liberdade de impor uma agenda que merecesse o epíteto de "esquerdista" - ao menos na concepção mais ortodoxa do termo.

Lula e Dilma fizeram o que puderam, isso sim, para deixar o Brasil menos desigual, com diversos programas sociais, e, ao expandir fortemente o mercado consumidor, trouxeram para cá um pouco do capitalismo presente no Primeiro Mundo.

Foi pouco para as imensas necessidades do Brasil, mas muito para a porção mais miserável da população.

O PT só é socialista no papel. 

No governo é um partido social-democrata, que procura usar os recursos do Estado para proteger, minimamente, as camadas mais pobres, sem ter no horizonte nenhuma ambição ou possibilidade de mudar a estrutura das relações econômicas, justamente por ser refém de um sistema político baseado no toma lá, dá cá, e de instituições completamente dominadas pelo pensamento conservador.

Neste momento, o PT e suas principais lideranças, incluindo a própria presidenta Dilma, sofrem um ataque sem precedentes da plutocracia brasileira, que, ao que tudo indica, cansou de se fingir democrata.

Como todos sabem, a democracia é um sistema político-social complicado, de intensa e constante dinâmica e negociações incessantes.

Participar ativamente de uma democracia dá um trabalho enorme.

E exige, de seus atores, muita paciência e competência.

Regimes ditatoriais, ou quase, proporcionam, aos homens de bens, resultados imediatos - ilusórios, é verdade, pois não se sustentam a longo prazo.

Os últimos acontecimentos desencadeados pelos lava-jatos deverão precipitar as medidas para a tomada do Palácio do Planalto e o assassinato - figurativo, literal? - da maior liderança política brasileira e ícone dos movimentos à esquerda em boa parte do mundo, o ex-presidente Lula.

De roldão, partidos como o PT e o PCdoB, além de siglas menores, que fazem parte do campo progressista da vida nacional, têm grande possibilidade de, a exemplo do PCB no governo Dutra, serem formalmente varridos da vida política.

Haverá reação ao golpe, claro.

Mas as forças que patrocinam a morte da jovem democracia brasileira são poderosas demais.

11 comentários:

  1. Desconfio que seu pessimismo tenha a ver com a descarada convocação a militares vinda de jornalistas do principal império de comunicação do país no último fim de semana.
    Longe de mim querer ser poliana, mas não me surpreenderia se isso fosse desespero puro.
    Acho que apostaram muitas fichas no Moro e se decepcionaram. A história de sexta-feira está muito mal contada e não se descarta que o magistrado de Curitiba tenha dado uma amarelada e, com isso, contrariado principalmente a Globo, que devia estar se achando copartícipe do golpe final da humilhação eterna do barbudo.
    Por algum motivo, algo deu errado no plano.
    Acho que o novo convite aos militares é só uma forma de dizer que o Moro já deu o que tinha que dar.
    É claro que isso, por si só, pode acabar tendo desdobramentos mais graves, caso o recado tenha sido compreendido pelo juiz do Paraná: é que ele pode começar a querer dobrar a aposta dele para não virar um reles twitteiro - que é o que aconteceu com Joaquim Barbosa quando perdeu a serventia, nas palavras de Paulo Henrique Amorim.
    Aguardar com serenidade - mas com atenção e preocupação.

    Abraço,

    Sidnei

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  2. A analise do Motta é precisa. Porém,concordo com o Sidnei e acho que a presepada de sexta feira, teve um tom de: "teatro amador apresenta a galinha pintadinha, pôs um ôvo amarelinho." A resposta possivel da militância petista, foi invadir a praia dos Marinhos. Porém se êles fizeram côcô na areia, aí realmente a coisa é grave. Vamos aguardar a apuração dos fatos.

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  3. Uma coisa que pra mim tá mal explicada,foi o blogueiro ter publicado o vazamento da operação. Se eu fosse êle, teria apenas passado um e-mail para o Instituto Lula, comentando o boato. Não gostei!

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  4. Bom dia.Mais um ótimo texto do prezado Carlos Motta...Porém; entendo,que os tempos são outros e que o mundo mudou... a grande massa silenciosa,não compactua com golpes...a direita brasileira já foi muito forte,mas hoje,as coisas não são fáceis como antes,para eles...quanto ao Blogueiro Eduardo do cidadania,entendo que ele obteve o furo , e aproveito seu momento jornalístico de forma brilhante...é uma grande batalhador...gosto muito..

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  5. Caro Luis Craveiro. Respeito sua opinião. Porém acho que o furo do Eduardo, não compensa a represália que virá para todos os blogueiros. Para a midia não acontecerá nada, como sabemos. Eles estão procurando qualquer motivo pra acabar com os blogs. Vamos ver no que vai dar.
    Abraço.

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    1. Você entendeu errado, eu apoio o Eduardo e todos blogs progressistas.

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  6. Mas exatamente o que entendi errado? Eu não comentei sua opinião. Apenas esclareci a minha. Vai te catar o Craveiro. Jogando verde pra colher maduro? Tenta de novo pra ver se cola.

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    1. Como não comentou minha opinião!? Anônimo7 de março de 2016 12:38
      Caro Luis Craveiro. Respeito sua opinião. Porém acho que o furo do Eduardo, não compensa a represália que virá para todos os blogueiros.
      Você me citou inclusive...pelo visto, você não sabe interpretar o que escreve e nem o que lê...e coloca teu nome ai...esse negócio de anônimo pega mal. Valeu!

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  7. O Craveiro, se é esse mesmo o teu nome. Quem me garante? Uso o anônimo, porque acho mais honesto, e não gosto de me exibir como parece ser o seu caso. Volta você a me interpelar provavelmente tentando defender o amigo(ou outra coisa qualquer) blogueiro.
    A minha opinião a respeito foi dada e publicada pelo titular do blog. Tô cagando e andando se você gostou ou não,ou ficou incomodado. Não te devo porra nenhuma, muito menos explicações. Vai encher o saco de outro. Seu mané.

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    1. Meu nome é esse mesmo...e desculpa por te lhe respondido.Grato

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  8. Grato por não publicar minha resposta ao meu interpelador. Acho que já perdi bastante meu tempo com esse negócio de blog. Vou continuar pensando, refletindo e dando minha opinão, quando solicitada, cara a cara, sem precisar de intermediário.
    Passar bem.


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