sábado, 15 de agosto de 2015

Democracia não é só uma palavra

Sou um defensor radical da democracia, não só como sistema social e político, mas em toda as atividades humanas.

Se a democracia estivesse realmente fazendo parte do dia a dia das pessoas, o mundo, garanto, seria muito melhor que hoje.

Pego o exemplo da minha profissão - ou ex, já que estou aposentado.

Numa redação de jornal (ou de revista, televisão, rádio...) a democracia não tem vez. 

O repórter é um mero cumpridor de ordens - ou, no jargão jornalístico, de pautas -, o editor segue a linha editorial da casa, que, por sua vez, reflete o pensamento do patrão.

Tudo verticalizado.

Tudo na base da imposição, das ordens peremptórias.

Claro que esse regime ditatorial é disfarçado com um monte de reuniões - de pautas, de matérias para primeira página, de reportagens especiais ... -, que não passam de um teatrinho mal encenado para fazer de conta que todo mundo é ouvido.

E se numa redação de jornal, composta por pessoas bem informadas, de curso superior, letradas e tal, é assim que são as coisas, imagine no resto das atividades sociais.

O conceito da democracia é bem conhecido por todos, imagino. 

Mas como a sua prática é, na realidade, pouco desenvolvida no Brasil, as pessoas acabam dando pouca  - ou nenhuma - importância para os valores democráticos.

Conheço muita gente mais ou menos de minha idade, que viveu o período da ditadura militar e tem saudade daquele tempo, por julgar que, naquela época o país era mais organizado e funcionava bem melhor que hoje.

Sinceramente, não sei como essas pessoas podem pensar assim, se sofreram uma lobotomia, estão com Alzheimer, ou simplesmente são idiotas.

Tudo, repito, tudo, era pior no Brasil da ditadura militar.

Não existe termos de comparação.

Claro que não foi só o ressurgimento da democracia, mesmo que trôpega, que levou o país a um outro nível civilizatório. 

Para que houvesse esse avanço foi necessário uma soma de fatores, desde a formação de uma geração de lideranças políticas, sindicais e sociais, que levaram muita porrada, até a massificação informativa e cultural provocada pela internet e pelas novas tecnologias voltadas à comunicação, como os telefones celulares, smartphones, tablets, notebooks...

Hoje, só não se informa instantaneamente quem não quer.

O problema é que, paradoxalmente, a maioria utiliza todos esses gadgets que estão à sua disposição, capazes de revelar os segredos mais profundos do universo, para colher informações das mesmas fontes de sempre, aquelas para as quais a democracia é muito, mas muito relativa.

Só quando as pessoas compreenderem que quase sempre o que leem, ouvem ou veem diariamente não é a verdade factual, mas uma edição parcial e corrompida da realidade, é que a verdadeira democracia começará a se fortalecer no Brasil.

E até que isso ocorra, estaremos sujeitos à manipulação mais grosseira, que, infelizmente para todos, pode nos levar a um retrocesso de consequências trágicas.

3 comentários:

  1. Estamos chegando lá. Tem que ter estômago. Coitado do Adir. Será que êle aguenta?

    ResponderExcluir
  2. Ha pouco no onibus, senhoras distintas, vestidas de palhaço cívico, convocaram "os pobres" para a manifestação, alegando obrigação de defender o País dos malfeitores do Pt. Nisso, um negão no fundo do onibus levantou a voz e respondeu: " vocês estão aqui defendendo o de vocês. Me engana que eu gosto".
    Pensei com meus botões, e não consegui me conter : "enfim a democracia, comentei com o passageiro do meu lado, que sorriu.

    ResponderExcluir