quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Vamos chamar o síndico!

Tim Maia foi um dos maiores cantores populares do Brasil e um grande frasista, com tiradas inteligentes, debochadas e cínicas, sempre com um olhar diferente sobre a incrível realidade brasileira. 

Uma das suas frases mais famosas sintetiza, de certa forma, o lugar onde nasceu e que viu o seu imenso talento florescer: "Este país não pode dar certo. Aqui prostituta se apaixona, cafetão tem ciúme, traficante se vicia e pobre é de direita."

Basta a gente ler o noticiário dos jornalões para ver o quanto Tim Maia estava certo.

Aqui, um deputado sem nenhuma expressão e currículo, a não ser uma extensa coleção de casos suspeitíssimos, chega à presidência da Câmara dos Deputados, controla, por meio de métodos próximos de bandos criminosos, uma bancada de cerca de 300 parlamentares, atropela ritos e regulamentos, aprova projetos de lei medievais, ameaça a presidenta da República e o Ministério Público, e provoca uma grave crise política com o objetivo de se safar de um processo criminal.

Neste Brasil dissecado por Tim Maia, o Ministério Público se alia a uma facção da Polícia Federal e a um juiz notoriamente ligados a um partido político da oposição para, juntos, promoverem um festival de arbitrariedades sob o véu do "combate à corrupção".

E o juiz manda prender quem já está preso!

Neste país tão bem definido por Tim Maia, a mais alta corte judiciária promoveu um show midiático, evocou teorias usadas para condenar criminosos nazistas, escondeu provas da defesa, distorceu fatos, ignorou evidências e condenou ao atacado os inimigos do rei, ao ritmo de um "clamor público" orquestrado por meios de comunicação controlados por meia dúzia de famílias, ou seja, por uma oligarquia que tenta, a todo custo, manter seus imensos privilégios.

Também, neste rincão traduzido por Tim Maia numa só frase genial, alguns debiloides têm a pretensão de ver preso o mais popular líder político do país, sob alegações estapafúrdicas, de um non sense de corar um Salvador Dali, ou tão absurdas quanto um enredo de Franz Kafka.

Pena que o "síndico" não esteja mais entre nós.

Se vivo fosse, poderia gargalhar - ou completar a sua frase imortal - ao ver roqueiros liderarem grupos de reacionários de extrema direita e defenderem a moral e os bons costumes, e humoristas não provocarem risos, mas ânsias de vômito.

E entrar em transe ao saber as pessoas vão à rua para pedir a volta da ditadura - em plena democracia!

2 comentários:

  1. Essa gente, não sei porque, me fez lembrar de uma música. Lá vai:

    Rato
    Ademilde Fonseca
    Rato, rato, rato
    Porque motivo tu roeste meu baú?
    Rato, rato, rato,
    Audacioso e malfazejo gabiru.
    Rato, rato, rato,
    Eu hei de ver ainda o teu dia final,
    A ratoeira te persiga e consiga,
    Satisfazer meu ideal.
    Quem te inventou?
    Foi o diabo, não foi outro, podes crer
    Quem te gerou?
    Foi uma sogra pouco antes de morrer!
    Quem te criou?
    Foi a vingança, penso eu,
    Rato, rato, rato, rato,
    Emissário do judeu.
    Quando a ratoeira te pegar,
    Monstro covarde, não me venhas,
    A gritar, por favor.
    Rato velho, descarado, roedor
    Rato velho, como tu faz horror!
    Vou provar-te que sou mau,
    Meu tostão é garantido,
    Não te solto nem a pau.

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