Deputado Jorge Bittar: é preciso uma ação coordenada entre o Executivo e a sociedade organizada |
Não há notícias, porque ainda não há fatos neste momento de transição. Há tão somente fofocas, boatos, balões de ensaio, lobbies descarados em favor de um outro personagem que possam ajudar o oligopólio jornalístico a respirar por mais algum tempo o oxigênio das cápsulas que o mantém vivo.
Uma das questões mais frequentes do "noticiário" é sobre quem será o próximo ministro da Fazenda. A torcida para que a escolha recaia sobre um amigo do mercado financeiro é tremenda.
Ao mesmo tempo os jornalões intensificam a campanha permanente que vêm fazendo ao longo dos anos contra qualquer tentativa de regulação do setor de comunicações. Como se sabe, a presidenta Dilma colocou a questão como uma das prioridades em seu segundo mandato.
Nesse quesito, os jornalões se superam. Não só desinformam, mas mentem abertamente, confundindo, de propósito, regulação, algo essencial a qualquer segmento econômico, com censura de conteúdo e outras imbecilidades.
O problema, para o governo, é que a mídia oligopolizada conta com a ajuda de grande parte dos parlamentares, que, desobedecendo frontalmente a Constituição, é dona ou integra a diretoria de veículos de comunicação.
Muito mais importante do que definir quem será o próximo ministro da Fazenda, que, em última análise, vai obedecer a orientação da presidenta da República na definição e aplicação da política econômica, é o governo federal preparar um plano estratégico de comunicação - o ponto mais vulnerável de suas três gestões.
A democracia incipiente que vive o Brasil não prosperará se o oligopólio da informação não acabar.
E é bem possível que o segundo governo Dilma seja abreviado se não atacar de maneira dura, rápida e implacável esse enorme problema.
O texto abaixo, da Agência PT de Notícias, dá uma ideia das enormes dificuldades de se mexer nesse vespeiro:
Bancada da mídia afronta Constituição no Congresso
Apesar de proibidos pela Constituição Federal, deputados e senadores mantêm vínculos diretos com veículos de comunicação em todo o País
O Artigo 54 da Constituição Federal não poderia ser mais claro: é proibido a todo e qualquer ocupante de cargo eletivo ser diretor ou proprietário de canais de comunicação, como jornais impressos, rádios e TV. E o Artigo 55 pune com a perda do mandato quem descumprir o artigo anterior. Mas, no Congresso Nacional, existe uma bancada bem estabelecida do baronato da mídia nacional ou, indiretamente, financiada por ela. Ao todo, 271 políticos são sócios ou diretores de 324 veículos de comunicação.
Mas, ao que parece, esses parlamentares têm uma licença especial para afrontar a Lei Magna do País. Segundo o Secretário Executivo do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC) Pedro Rafael Vilela, até 2012, havia 260 concessionários de rádio e TV nas mãos de políticos em cargos eletivos.
Segundo Vilela, desde 2013 o FNDC trabalha para coletar 1,3 milhão de assinaturas para um projeto de lei de iniciativa popular para impedir, de fato, a propriedade de veículos de comunicação a parlamentares.
A preocupação do FNDC é, também, o processo de democratização da produção e consumo do conteúdo veiculado. “Das seis maiores redes de comunicação do País, cinco estão em São Paulo e uma no Rio de janeiro”, explica Vilela. Segundo ele, o que está em jogo é a representação da pluralidade cultural brasileira, que não se enxerga na produção da mídia hegemônica.
Titular da Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática, o deputado Emiliano José (PT-BA) garante que a comissão nunca tratou do assunto sobre parlamentares proprietários de veículos de comunicação. Segundo ele, candidatos assim levam vantagem por poder controlar o conteúdo do noticiário. “Isso é antidemocrático, empobrece o debate e exclui a sociedade do acesso ao direito à comunicação”, diz o deputado. Para Emiliano, o caminho para se chegar à regulação da mídia passa pela reforma política do sistema eleitoral.
Para um outro integrante da mesma Comissão, o deputado Jorge Bittar (PT-RJ), nem o cumprimento do Artigo 54 e nem a regulação da mídia vão acontecer “porque isso deriva do fato de muitos parlamentares serem donos de veículos de comunicação”.
Bittar acredita que o rompimento da limitação dos avanços rumo a uma regulação democrática da mídia imposta por parlamentares proprietários de veículos de comunicação virá por meio de uma ação coordenada entre o Executivo e a sociedade organizada. “Dilma deve promover um amplo e aprofundado debate sobre importância para a democratização e para vedar, terminantemente, a propriedade de veículos de comunicação por políticos”, afirma.
O deputado viveu as dificuldades de democratizar a comunicação no Brasil quando, em 2007, foi relator da reforma da tevê por assinatura. Ele apresentou uma proposta para destinar 30% dos recursos do Fundo Setorial do Audiovisual Brasileiro para produções independentes das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. “Isso paralisou a reforma e as discussões duraram até 2011, quanto a reforma foi aprovada”, conta Bittar.
Ainda assim, a sociedade tem se organizado e avançado nas discussões. Entre os dias 13 e 24 de outubro ocorreu a Semana Nacional pela Democratização da Comunicação, organizada pelo FNDC e por mais de 300 entidades filiadas.
(Guilherme Ferreira, da Agência PT de Notícias)
Avança Brasil. Abaixo a malandragem. Queremos competência.
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