sábado, 8 de novembro de 2014

"Tenda dos Milagres", o grito de Amado contra o preconceito

Por uma falha imperdoável em minha educação literária, somente agora li o maravilhoso "Tenda dos Milagres", do imortal - esse sim - Jorge Amado.
É impressionante a sua atualidade. 
O preconceito racial - e social - da Bahia e de sua capital no início e meados do século 20, quando lá viveu o protagonista do romance, o mulato Pedro Archanjo, se mostra ainda vivo nos dias de hoje, conforme se vê a todo instante neste nas redes sociais e no dia a dia de qualquer cidade. 
O triste é notar que a luta de Archanjo para botar por terra as teorias racistas que inspiraram o nazismo não terminou.
Dezenas de milhões de pessoas morreram na Segunda Guerra Mundial para derrotar a máquina de destruição nazista.
Mas parece que esse sacrifício todo, o genocídio a que foram submetidos judeus, ciganos e várias outras etnias, foi em vão.
A chaga do preconceito persiste na mente dos homens. 

O Brasil está praticamente todo miscigenado, como Archanjo sonhava, mas, da mesma forma que no seu tempo, ainda há muitas "autoridades" por aqui como os odiosos delegado Pedrito Gordo e professor Nilo Argolo, aquele que dizia que Hitler era o "salvador" da humanidade e que este mundo só seria habitável se todos os negros e mulatos fossem exterminados.
"Tenda dos Milagres" foi escrito em 1969.
Mas quem o lê tem a impressão de que Jorge Amado o concluiu hoje - e que, com toda a sua genialidade, apenas deu outros nomes a personagens e situações reais e até mesmo corriqueiras.
O que é, de certa forma, muito triste, pois nos faz sentir que apesar de todo o progresso material vivido no século passado e neste, o mundo, por causa da inesgotável imbecilidade humana, pouco mudou.

Nenhum comentário:

Postar um comentário