domingo, 5 de outubro de 2014

Um voto para o futuro

Meu primeiro voto foi em 1974, portanto há 40 anos. 
Com ele ajudei Orestes Quércia, do MDB, a oposição da época, a derrotar Carvalho Pinto, da Arena, partido da ditadura, para a vaga de senador por São Paulo. 
Com o passar do tempo, Quércia mudou.
Eu, não.
Continuei a votar em candidatos que julgava os melhores para transformar o Brasil num país democrático e soberano, menos desigual econômica e socialmente, mais justo e que, realmente, fosse capaz de oferecer aos seus cidadãos uma vida digna.
Meus candidatos perderam e ganharam as eleições.

Nos últimos tempos, a vitória foi mais constante.
E, para minha felicidade, vi que os meus votos ajudaram a mudar o Brasil.
Todas as pessoas em que votei, de uma forma ou de outra, deram a sua contribuição a essa imensa transformação que se vê no país desde 2003, quando os trabalhistas, com Lula à frente, tomaram assento no Palácio do Planalto.
Nesta eleição, claro que vou de Dilma, Padilha, Suplicy e candidatos a deputado estadual e federal igualmente comprometidos com esse projeto que tem levado o Brasil às primeiras posições no ranking das principais nações.
Mas sou daqueles que acha que, se meu candidato perder, o mundo não vai acabar.
Haverá uma outra eleição. 
E mais outra e mais outra.
E sempre a possibilidade de ir à forra.
Porque é assim que a democracia tem de ser - perder e ganhar é do jogo.
Muitos, infelizmente, não pensam dessa maneira, querem subverter as regras, impor a sua vontade contra a da maioria, ignorar que o povo é quem detém o poder supremo.
O sistema político brasileiro é imperfeito, todos sabem.
Permite que os candidatos mais ricos sufoquem os mais pobres, facilita a formação de "currais" e a eleição de pessoas sem nenhum compromisso com o interesse público, apenas interessadas em fazer da carreira política um modo fácil e muito lucrativo de vida.
Os próximos governantes vão ter, uma hora ou outra, de enfrentar com coragem essa questão e apresentar ao país um projeto de reforma política para valer, que radicalize a democracia, estabeleça regras igualitárias para os candidatos e puna com rigor quem não cumpri-las.
Enquanto isso não ocorre, porém, cabe a cada eleitor fazer um exame de consciência e refletir sobre o que quer para o seu país, porque há, claramente, dois modelos em disputa: aquele que almeja a volta a um passado de triste lembrança, e o outro, em vigor, que pretende construir uma nação predominantemente de classe média, na qual o Estado tem presença marcante na área social e econômica, a exemplo das tão invejadas democracias nórdicas.
Como me lembro perfeitamente de como era o Brasil de antes de 2003, não tenho dúvida nenhuma em quem votar.

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