sábado, 4 de outubro de 2014

Debate ou conversa de botequim?

Eles brigam, eles se esgoelam, mas pouco
 informam o eleitor sobre seus planos de governo
(Foto: Ichiro Guerra/Dilma 13)
@ Debates com candidatos nos moldes dos que são feitos hoje pouco ajudam o eleitor a se informar sobre os programas de governo de cada um. São simples espetáculos midiáticos nos quais os promotores fazem de tudo para que os participantes se hostilizem, briguem, gritem, infrinjam as regras e ajam como se estivessem num desses inúmeros programas popularescos que mantêm alta a audiência da televisão.

@ Muitos talvez até gostem de ver esse show, principalmente os eleitores mais engajados, que são como torcedores de futebol, ou seja, não só têm candidatos, mas fazem campanha para eles. O eleitor médio também pode apreciar a pancadaria. Mas o fato é que o bate-boca é isso: não passa de uma discussão em que os argumentos são espancados em favor da "emoção".


@ A presença de candidatos nanicos, esses que entram na disputa apenas para marcar presença ou faturar uma boa grana servindo de escada para os "grandes" é outro fator que atrapalha os debates. Mas como a legislação obriga que se ature a sua presença, eles bem que poderiam ser ignorados, já que não têm o que falar - e quando falam, invariavelmente é uma bobagem.

@ Com os debates pouco esclarecendo os eleitores sobre o que realmente cada candidato pretende fazer se eleito, o programa eleitoral gratuito ainda é uma boa ferramenta para convencer as pessoas - apesar de seu forte conteúdo publicitário.

@ Uma forma de deixar os debates mais informativos talvez fosse dividi-los em grandes temas, para que cada candidato pudesse explicar mais profundamente seu programa de governo. Educação, saúde, infraestrutura, transportes, habitação, política externa, tributação, governabilidade - os assuntos são inúmeros e cada um mais importante que o outro.

@ Dessa forma, ficaria evidente para o telespectador a fraqueza de uns e a solidez de outros. Não daria, por exemplo, para um candidato ficar enrolando a plateia com temas genéricos como corrupção e todo o blá-blá-blá que o acompanha - perfeito para uma conversa numa mesa de bar.

@ O fato é que os debates de antigamente, com regras menos rígidas, eram bem mais divertidos que os de hoje. Claro que naquele tempo a influência dos tais "marqueteiros" sobre os candidatos não estava tão estabelecida quanto agora e por isso eles se portavam com mais naturalidade - e revelavam muito mais a sua alma, a sua personalidade.

@ Resumindo: os debates poderiam ser uma das mais importantes ações para educar o eleitor, fazê-lo participar mais intensamente de uma campanha eleitoral, refletir mais seriamente sobre quem acha que pode governar melhor a sua cidade, o seu Estado e o país. Infelizmente, do jeito que são feitos, não passam de mais um programa em busca de audiência - como tantos outros que infestam e poluem a televisão brasileira.

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