Pesadelo em Serra Negra na manhã quente de domingo

Manhã ensolarada e muito quente neste domingo. 
Tomamos, eu e minha mulher, o café da manhã no Bar Santos, tradicional em Serra Negra. 
E observamos o movimento dos turistas que vão enchendo o centro da cidade. São muitos - casais, famílias, senhoras e jovens. 
E os indefectíveis motoqueiros com aquelas inacreditáveis roupas de couro.
O comércio de Serra Negra, cidade do chamado Circuito das Águas Paulista - com cada vez menos água... - vive, basicamente, do movimento dos turistas. Nos fins de semana, milhares deles vão à cidade fazer compras.
Eles também lotam os hotéis do centro e garantem a sobrevivência de dezenas de pousadas na região rural da cidade.

Além disso, enchem dezenas de restaurantes de todos os tipos, desde os populares "self service" de preço fechado - há refeições desde R$ 12, com tudo incluído -, até caros estabelecimentos especializados em bacalhau e frutos do mar ou comida italiana.
Nos últimos anos o faturamento do comércio de Serra Negra, segundo dados dele próprio, vem crescendo a taxas chinesas.
Claro que isso não é por acaso.
Milhões de pessoas pelo Brasil todo ascenderam à classe média e ingressaram no mercado de consumo, por causa da política social dos governos Lula e Dilma.
Primeiro, eles compraram comida. 
Depois, com o dinheiro que sobrava e graças ao crédito fácil e abundante, passaram a adquirir eletrodomésticos, móveis, eletroeletrônicos, motos e carros - e a comer em restaurantes, ir a salões de beleza, viajar nas férias, até de avião!
Sem eles, o mercado consumidor brasileiro se restringe a pouco mais de 30 milhões de pessoas, das classes C, B e A.
Foi assim antes de 2003.
Vai voltar a ser assim se Aécio vencer a eleição presidencial.
Todos sabem qual é o ideário neoliberal que ele pretende aplicar: arrocho salarial, juros altos, restrição ao crédito, cortes nos programas sociais etc etc.
Dei uma volta pelo centro de Serra Negra.
Muitas lojas, por volta das 10 horas da manhã, já estavam atendendo inúmeros fregueses.
Fechei os olhos por um momento e imaginei como seria um domingo como esse, de sol e calor, no ano que vem, com Aécio presidente.
Abri os olhos rapidinho, antes que eles lacrimejassem.