terça-feira, 21 de outubro de 2014

As sequelas de uma eleição

Dilma: se for reeleita, trabalho dobrado
(Foto: Ichiro Guerra/Dilma 13)
Não sei quem vai vencer esta eleição presidencial. Mas tenho a certeza de que, seja quem for, terá uma missão árdua pela frente. E não me refiro aos problemas estruturais do país, suas carências na educação, na saúde, na infraestrutura em geral, nos indicadores sociais - em quase tudo, em resumo.
A maior dificuldade do novo governo, seja o segundo de Dilma ou o de Aécio, será evitar que o Brasil fique irremediavelmente rachado nessa polarização entre trabalhistas - ou a esquerda e a centro-esquerda - e os neoliberais, incluindo nesse agrupamento radicais de direita e neofascistas.

Se Dilma ganhar, esses 20% de eleitores que babam de ódio contra o PT tenderão a ficar ainda mais raivosos, podendo arrastar para o seu lado o lumpesinato que habita as grandes cidades e setores de classe média facilmente influenciáveis pela mídia partidarizada. 
Há risco de, mais uma vez, ensaiarem a paralisação do país com manifestações de rua orquestradas. Dinheiro para financiar a bagunça não falta - os americanos, grandes especuladores internacionais, petroleiras e financistas, adorariam ver o circo pegar fogo no segundo mandato de Dilma.
Se Aécio for o presidente é de se esperar que sindicatos, organizações da sociedade civil e partidos políticos derrotados se unam para tentar evitar que ele acabe com as conquistas sociais dos últimos anos. O fato é que Aécio também não terá vida fácil, embora certamente vá contar com uma blindagem absoluta da mídia para as medidas "impopulares" que anunciou em campanha.
Para evitar o caos, Dilma deverá chamar para o seu lado partidos como o PSOL e setores do PSB, mas principalmente dependerá de uma ampla reformulação do seu próprio partido, o PT, cuja imagem tem sido desgastada, nos últimos anos, pelo fato de ele ter se tornado governo e ter se aliado ao PMDB e outras agremiações da direita, para ter condições de administrar o país. 
Dilma terá ainda de rever tudo o que fez em matéria de comunicação social, reagir contra o oligopólio da informação e propor um marco para o setor das comunicações que traga o Brasil ao século 21 - a chamada Lei dos Meios.
Talvez seja essa a sua mais importante tarefa para pôr o país nos eixos. Porque é impossível construir uma democracia de verdade se meia dúzia de famílias controla, com mãos de ferro, o que o povo deve ou não saber.
No caso de vitória, Dilma terá muito mais trabalho do que no seu primeiro mandato. A vida não será fácil para ela.

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