sábado, 30 de agosto de 2014

Os brasileiros que renegam a civilização

A moça loira gritava, na quinta-feira à noite, a plenos pulmões, com expressão de ódio, a ofensa racista ao goleiro do Santos, no estádio do Grêmio, em Porto Alegre, uma das capitais mais cosmopolitas do Brasil.
No site da ESPN Brasil, a sua manifestação criminosa aparecia numa foto com a seguinte legenda: "Torcedores do Grêmio fazem críticas racistas a Aranha, goleiro do Santos."
Críticas racistas...
Uma foto de um casal de namorados, ela negra, ele branco, colocada no Facebook dias atrás, provocou uma enxurrada de vitupérios.
O que está acontecendo no Brasil?
Onde está o tão celebrado brasileiro cordial?

Nas redes sociais, as manifestações de ódio e preconceito aumentam assustadoramente nesta campanha eleitoral.
A presidenta Dilma, o ex-presidente Lula e os simpatizantes do PT são os alvos preferenciais.
Não mais se critica, simplesmente se ofende.
Um descerebrado escreveu algo mais ou menos desse tipo: "Dilma vai à TV. Será que vai dizer que é homossexual?"
O xingamento passa por cima dos argumentos.
A raiva se impõe a todas as emoções.
As pessoas se desnudam: seus pensamentos mais sórdidos e seus sentimentos mais execráveis, são vomitados nessa torrente de insensatez.
E quem poderia pelo menos contrapor a razão, o bom senso, a lucidez, a essa ignomínia, faz de conta que ela não existe.
A legenda da foto da ESPN é uma prova dessa irresponsabilidade.
Críticas racistas...
A gremista que xingou Aranha de "macaco" com todo o ódio que foi capaz na noite de quinta-feira, deve hoje estar arrependida - um arrependimento muito mais provocado pelo medo de ser punida pelo que fez do que pelo mal que causou ao atleta, à sua família e à sociedade.
Ela deverá dar um monte de justificativas para convencer as pessoas de que é uma pessoa de bem, que tem, inclusive, amigos negros.
Mas no fundo a gente sabe que ela é igualzinha a muitos e muitos outros brasileiros - de uma ignorância tão grande que, em pleno século 21, renegam a civilização como se isso fosse o mais profundo ato civilizatório.

3 comentários:

  1. Dividir para reinar! Essa é manjada! Uma canalhice praticada por interessessados em um Pais sem cara. Prato feito pros que lucram sem limites. Os jovens são alvos preferenciais desses criminosos.

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  2. Já se vão 10 anos que a imprensa vem insuflando ódio no povo brasileiro.
    Esta menina é a colheita.

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  3. A Ciência tem demonstrado que os mais antigos ancestrais humanos originaram-se da África e não do continente europeu, como se pensava. Logo, a cor clara da pele pode ter sido apenas uma diferenciação pontual em uma raça originalmente com pele enegrecida. Esta "verdade" deixa muitos brancos horripilados, inclusive muitos cientistas ocidentais.

    Se tal informação tivesse sido disponibilizada na Idade Média ao lado de outra de Galileu Galilei de que a terra gira (eppur si muove) talvez o mundo estivesse melhor e mais fraterno. Ou poderia ser o contrário. Os "brancos" é que seriam discriminados pelos negros, a Europa e o Novo Mundo seriam colônias africanas com seus escravos brancos.

    Como se vê a cor da pele é, em essência, apenas um detalhe acidental e do acaso, coerente com a evolução das espécies como afirmado por Darwin e outros.

    Entretanto, decorre deste acaso da Natureza a evolução humana propriamente dita e seus caminhos e opções diversas para a vida em sociedade. O homem, frágil e despreparado frente a uma Natureza agressiva, cria seus líderes, pagés e seus deuses para o enfrentamento das adversidades. A vida social ganha cada vez mais corpo e, com o correr do tempo, os "deuses" se enfrentam, uns desaparecem, até que se atinge o império do monoteísmo religioso em conjugação com as castas, estas detentoras da propriedade, dos homens e das leis. No imaginário das religiões dominantes nenhum deus é negro. Pensar isto seria uma heresia ainda hoje, imagine se mais antigamente.

    Rever conceitos como esse implica rever posses e status que a maioria dos brancos não quer pagar para ver. Ou seja, a cor da pele é apenas um detalhe.

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