Já que o brasileiro não liga para a política, detesta os políticos, acha que todo político é ladrão ou corrupto, o jeito é eleger para presidente alguém que não seja político.
E aí, como mágica, surge o nome dessa doçura de pessoa chamada Marina Silva.
Ela é, para esse brasileiro que tem pelos políticos um ódio visceral, tudo de bom.
Como o brasileiro que cultiva a ojeriza pela política, Marina também externa esse sentimento, garantindo que com ela essa raça de abominações que tem acabado com o Brasil vai ser posta devidamente em seu lugar, ou seja, ficará completamente fora da máquina administrativa.
Marina diz que esses partidos que estão aí fazem parte de um modelo ultrapassado, que todo o sistema político brasileiro não presta, que é preciso colocar algo novo - ela, é claro - em seu lugar, que é necessário mudar tudo para que a sociedade brasileira, e a própria democracia, avancem.
Quando eu era adolescente, de certa forma, também pensava mais ou menos dessa maneira.
Com o tempo, porém, percebi que só há duas formas de se fazer mudanças sociais num organismo tão complexo quanto uma nação: devagar, de modo quase imperceptível, para que os afetados pelas transformações possam absorvê-las, ou abruptamente, pela força de uma revolução.
Como a segunda hipótese, por razões óbvias, é uma possibilidade inviável no Brasil, resta apenas a primeira.
Desde 2003 o governo trabalhista vem mudando o país.
Devagar, devagarinho.
Parece que quase nada foi feito, mas esse pouco, essas migalhas que melhoraram a vida de milhões de pessoas, conseguiram tirar o sono daqueles que sempre consideraram o Brasil sua propriedade particular - uma enorme senzala controlada por meia dúzia de casas grandes.
A Marina que surge nesta eleição como a representante de uma "nova política" parece não entender o que se passa no país.
Ignora todos os avanços sociais e econômicos dos últimos anos.
E, o pior, com a sua pregação juvenil, rejeita a única forma que existe para levar o Brasil ao Primeiro Mundo, que é exatamente a política, feita e conduzida por políticos dedicados à vida pública, pessoas preparadas para entender o sofisticado mecanismo social - e não por operadores do mercado financeiro, aventureiros e carreiristas, socialites e herdeiras de fortunas, fanáticos religiosos e ambientalistas, picaretas de todos os matizes.
Só a política, e não a sua negação, é capaz de salvar o Brasil.
Excelente texto. Incrivel como muita gente não percebe o poder economico colocando as patas no destino das pessoas.
ResponderExcluirExcelente texto(2)!.só o povo DESPOLITIZADO DA CIDADE DE SÃO PAULO(com ramificações no resto do Brasil graças a sua imprensa)é que vai votar em peso nessa traira da marina. é um imenso risco essa"santinha",no comando do pais e pior,esses"inteligentes universitários"abraçaram a campanha da não politica!
ResponderExcluirA nova marcenaria
ResponderExcluirPor Faustus Sapienza
Pego um anúncio na internet: "Serviços de marcenaria. Não feche negócio antes de nos consultar. Ligue agora mesmo para (xx) xxxx-4040"
Precisando urgentemente do serviço, ligo para o tal número. Uma pessoa atende rapidinho.
- Oi, peguei o anúncio de vocês na Internet. Estou precisando de um servicinho de marcenaria. Como funciona? Podemos ver um orçamento.
- Olha, rapaz! Eu não sou marceneiro, nunca fui marceneiro, tenho bronca desses marceneiros que estão por aí.
- Desculpa, então será que foi engano? Será que errei o número? O senhor não trabalha com marcenaria?
- A resposta não é sim nem não. Lido com a marcenaria, realmente. Só que é uma nova marcenaria, uma proposta diferente de fazer marcenaria, tá me entendendo?
- Ah, mas de qualquer forma é marcenaria?
- Olha, você dê o nome que quiser. Eu só te digo que eu não tenho nada a ver com essa marcenaria que tá todo mundo acostumado a ver por aí.
- Bem, eu sou aberto a novas ideias no campo da marcenaria e estou disposto a arriscar a contratar seus serviços, mas meu medo é que o senhor disse que não é bem um marceneiro...
- Não importa o que você acha de mim. Basta que acredite em minhas propostas e em minhas ideias. Tem que haver um jeito novo de fazer marcenaria e você escolhe: a nova marcenaria que eu estou propondo, ou a velha marcenaria com seus marceneiros cheios de vício e seu estilo ultrapassado.
- Mas se o senhor mesmo diz que repudia a marcenaria e que não é um marceneiro típico...
- Olha, mas eu estou recebendo a ajuda e o apoio dos velhos marceneiros que...
- Epa, mas vem cá, o senhor tinha falado que estava em franca oposição aos velhos marceneiros que estão aí...
- Sim, mas...
- Como o senhor pode falar em uma tal nova marcenaria, se o serviço vai ser realizado pelo pessoal da velha marcenaria?
- Ora, não fique pensando muito nem questionando, meu amigo. O senhor tem que acreditar no nosso projeto e ponto.
- Quer saber: pra mim, essa tal de nova marcenaria de novo não tem nada. Aliás, tá me cheirando à velha marcenaria. Obrigado pela atenção.
Desliguei o telefone e voltei a pesquisar na internet. Tenho certeza de que, para fazer um serviço de marcenaria, é melhor encontrar um marceneiro de verdade.
A eleição atual me traz à mente dois momentos do passado: a associação com a eleição de Collor é inevitável, impulsionada pela mídia e institutos, assim como o que ficou conhecido como o 'Caso Proconsult', outra mostra de que o Ibope não é limpinho e nem cheiroso. Marretar pesquisa é fácil: você escolhe municípios e bairros onde o candidato ou candidata tenha tido uma performance boa em eleição anterior. Pronto> plim! O @TSE_oficial aceita e legitima a pesquisa e os chamados indecisos são induzidos a acreditar que alguém está vencendo e que, portanto, devem votar nessa pessoa por possuir algum dote especial, alguma qualidade nova ou apreciável. Só que na verdade se reciclam candidatos que na realidade representam o retrocesso em vários aspectos como se fossem a grande novidade e a mudança. Até temos candidatos(as) que negavam a política mas querem ser presidentes pela via institucional! Uau! Quanta coerência!!!
ResponderExcluirObs.> obrigado pelo ebook! Salvei e vou ler com prazer!
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