quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Corvos, tucanos e aves de rapina

A poderosa Fiesp e os ávidos tucanos, com grande ajuda da Justiça de São Paulo, deram à sociedade brasileira uma lição de como se faz para manter o país entre os campeões da desigualdade econômica e social no mundo.
Ao propor ação que pede o cancelamento do reajuste do IPTU que a prefeitura paulistana quer promover em 2014, empresários e oposicionistas mostraram o quanto ligam para o bem-estar da população, e ao acolher o pedido, os juízes se tornaram cúmplices desse disparate: a fórmula adotada faria o imposto diminuir nas regiões mais pobres da cidade e subir nas mais ricas, como todos os especialistas em finanças públicas e qualquer pessoa de bom senso pregam.
Os poderosos empresários da Fiesp e os gulosos políticos tucanos são mestres nisso, em manter a execrável desigualdade na sociedade brasileira.
Há poucos anos conseguiram derrubar a CPMF, que destinava anualmente 
R$ 40 bilhões para a saúde pública e era um ótimo instrumento para se detectar a sonegação fiscal.
Nenhum preço de nenhum mísero produto, ficou mais baixo com o fim da CPMF.
Os empresários simplesmente embolsaram o que ganharam a mais.
É importante salientar que tudo isso se fez e se faz com a ajuda inestimável da imprensa, que age como alegre porta-voz da oligarquia, e também ignora completamente qualquer preocupação social nas "notícias", artigos e editoriais que publica.
Ninguém gosta de pagar impostos, muito menos de pagar mais impostos.
Mas qualquer pessoa com o mínimo de inteligência sabe que, se há enormes carências nos serviços prestados pelo Estado apesar da cobrança de impostos, sem eles tudo seria imensamente pior.
A posição dessa turma que prega o "Estado mínimo", a redução da carga tributária, já está na lata de lixo da história, depois de fazer tanto mal para um sem número de seres humanos em todo o planeta.
No Brasil, graças a uma imprensa dirigida por empresários que vivem no pré-capitalismo, essa ideologia ainda resiste e a seus propagadores são destinados palanques privilegiados.
Por anos e anos a questão fiscal é tratada no Brasil de modo raso, superficial, dando ênfase apenas ao lado que, por meio da propagação de mentiras deslavadas, prefere manter o país na miséria a pagar o mais ínfimo tributo.
Claro que o Brasil precisa de uma reforma tributária. O atual sistema se constitui num imenso cipoal de siglas, entendê-lo é tarefa que exige muita paciência e estudo.
Já foram feitas inúmeras tentativas de mudança, nenhuma bem-sucedida. É que, na hora de discutir seriamente a questão, cada um dos envolvidos se mantém irredutível, não quer perder um tostão - e nada se altera.
Essa é a mesma posição da Fiesp e dos tucanos na questão do IPTU. Eles sabem que o aumento é uma necessidade, sabem que a fórmula é justa, que vai beneficiar milhões de pessoas, mas, por causa da briga política, por causa da ganância e da insensibilidade e por serem o que são, uma classe social que vive da exploração dos mais fracos, eles mentem, usam da mais rasteira demagogia, dos mais sórdidos expedientes, para deixar tudo como está.
Por essas e por outras São Paulo se tornou essa triste metrópole carente de tudo - infraestrutura, cordialidade, serviços básicos, beleza. 


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