O Brasil não pediria mais dinheiro, nem mais riquezas.
Nenhum país que se pretende grande quer esse tipo de auxílio - uma potência se constrói ao custo do trabalho de seu povo, prescinde de esmolas.
Mas há outros presentes que o velho Noel poderia oferecer, com a sua generosidade proverbial, à nação brasileira, todos eles imateriais, e por isso mesmo, de efeitos mais longevos que os badulaques que ordinariamente se associam à data.
A lista é imensa, mas pode ser reduzida.
Vejamos:
- uma oposição mais inteligente, mais propositiva, mais interessada no bem-estar da população;
- uma elite e uma classe média menos preconceituosa, mais generosa e mais bem educada;
- uma imprensa que saiba o que é notícia;
- um Judiciário apolítico;
- um Supremo Tribunal Federal que defenda a Constituição;
- meios de comunicação eletrônicos (rádio e televisão) que dediquem alguns míseros minutos por dia à educação das pessoas;
- políticos que compreendam o sentido da expressão "bem público";
- governantes que recordem a importância que os professores tiveram em suas vidas;
- médicos que olhem para o paciente, ouçam as suas queixas, se compadeçam de suas dores, e os examinem com suas próprias mãos;
- fim da Polícia Militar;
- militares profissionais.
A relação poderia se estender quilometricamente.
Uma legião de papais noéis não daria conta.
E isso porque o Brasil não está em condições tão ruins quanto querem que ele esteja.
Mais conveniente, porém, que esperar que essas coisas caiam do céu, que a purificação desse lado escuro da alma brasileira ocorra por mágica, é se esforçar para que elas sejam atingidas o mais rapidamente possível.
A parcela de contribuição de cada Papai Noel, ou seja, de cada cidadão, é ele próprio que decide.
Um simples voto bem dado já é suficiente para aumentar a esperança de dias muito melhores.
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