sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Meu IPVA, meu presente, minha riqueza!

A Secretaria da Fazenda de São Paulo foi pontual no envio de seu presente de Natal: o aviso de vencimento do IPVA chegou às minhas mãos inteiro, resistiu incólume às intempéries que cotidianamente assolam a capital.
E foi um baita presente!
Os números devidos aos cofres guardados com zelo exemplar pelo governador Geraldo Alckmin brilham no papel em que foram impressos, parecem me dizer que sou mesmo um sortudo - R$ 873,31 sem desconto; R$ 847,12 com desconto.
Belos números, que demonstram cabalmente a minha prosperidade, já que são relativos a um magnífico veículo da marca Chevrolet, modelo Prisma Maxx, ano 2010, um bólido que causa inveja aos vizinhos e a qualquer outro bem-aventurado cidadão que porventura o veja desfilar pelas aprazíveis ruas da metrópole ou nessas obras portentosas que são as rodovias paulistas, tão bem administradas pela iniciativa privada.
O contentamento em receber tão generoso presente só é superado pela descoberta de que, se não trocar esse meu luxuoso sedã por outro ainda mais valioso, em poucos anos terei entregue aos cofres públicos uma quantia correspondente ao valor de mercado do meu potente Prisma Maxx ano 2010.
Mas essa é apenas uma elucubração. 
Há outras a fazer no intrigante caso desse presente de Natal.
Se não, vejamos: a alíquota do IPVA paulista é de 4% do valor do bem, no caso o meu Prisma, que é avaliado pelos honestíssimos negociantes paulistanos de carros usados em uns R$ 15 mil.
Acontece que a Secretaria da Fazenda, em sua generosidade, avaliou o meu bólido em cerca de R$ 22 mil.
Como se vê, há uma diferença de R$ 7 mil entre o que o mercado acha que meu possante vale e o preço estipulado pelas autoridades fiscais.
Se os 4% fossem aplicados sobre o valor real do carro, meu presente de Natal iria me custar míseros R$ 600.
Mas o IPVA, esse imposto que todos pagam sem reclamar, tão justo que é, tem outras características interessantes.
O valor de sua alíquota, por exemplo: 4%, que em dois anos se tornam o dobro, em três, 12%, em quatro, 16%, e em cinco, 20%, ou seja, um quinto do valor do bem.
Outro ponto interessante é o seu fato gerador, a posse do veículo automotivo.
Perfeito, pois afinal ter um carro não é para qualquer um. 
Um Prisma Maxx ano 2010, por exemplo, é, incontestavelmente, um flagrante sinal exterior de riqueza.
E ricos vamos nós rumo ao ano novo, em direção a tempos mais esperançosos, já que, felizmente, temos gente do calibre de um Geraldo Alckmin para tomar conta dos cofres públicos e de um Paulo Skaf a nos proteger da sanha arrecadatória do atual prefeito paulistano, esse ignóbil membro da gangue lulodilmilstapetista que quase nos impõe um abjeto aumento do IPTU, em que pobres iriam pagar menos e ricos, mais.
Que ousadia, quanta pretensão, que absurdo!


Um comentário:

  1. A culpa é toda sua! Quem mandou, em vez de um Prisminha, não ter comprado uma lancha, um helicóptero ou até mesmo um jatinho? Para esses veículos, ao que consta também automotores, não se paga nadica de nada de IPVA, graças à decisão de 2007 de nosso glorioso STF .

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