terça-feira, 12 de novembro de 2013

A agonia de uma marca

O Estadão, diz colunista da insuspeita Veja, deu um mandato para o Itaú BBA vendê-lo. O banco teria sondado as Organizações Globo, que não se interessaram pelo negócio. 
O diretor de Redação do Estadão anunciou que em breve o jornal cobrará pelo conteúdo de seu portal na internet.
As duas notícias, aparentemente autônomas, estão muito relacionadas.
A primeira expõe a decadência irreversível daquele que foi um dos mais importantes jornais do país.
A segunda mostra o quanto essa publicação esteve dissociada da realidade nesses últimos anos.
O Estadão começou a perder a importância como, dizem, "formador" da opinião pública, quando começaram seus problemas financeiros, na era FHC. O jornal acreditou, numa ingenuidade - ou estupidez - que contrariava todos os seus editoriais pedantes e professorais, que o dólar ficaria eternamente valendo um real e foi fundo em dívidas na moeda americana.

Teria todas as razões para odiar FHC e sua turma, que o enganaram completamente.
Em vez disso, ainda hoje, como um portador da síndrome de Estocolmo, faz de tudo para agradar quem o desgraçou - talvez porque seus atuais controladores de verdade, que são os bancos, guardem eterna gratidão ao ex-presidente.
Os leitores do Estadão de papel são cada vez mais raros.
Os assinantes não se renovam. 
A circulação só diminui - e em consequência, as receitas caem.
Nos últimos tempos a solução para isso tem sido apelar para o passaralho, a gíria dos jornalistas para as demissões em massa.
Até fechar uma marca tradicional, o Jornal da Tarde, fez parte dessa estratégia.
Mas nada tem funcionado. 
A nova tentativa de tirar o grupo do buraco, essa de cobrar pelo conteúdo do seu portal, nem merece ser considerada, tal a sua insignificância e extemporaneidade.
Serve apenas de exemplo de como o jornalão continua sem entender absolutamente nada do mundo contemporâneo, pois afinal, uma providência dessas surge com muitos anos de atraso: hoje, o modelo é adotado em todo o planeta por milhares de publicações.
O futuro é sombrio para o Estadão.
A tese do falecido dono da Folha, de que São Paulo só tinha espaço para um grande jornal, tudo indica, é verdadeira.
A Folha, antes vista como um templo liberal, faz uma guinada à direita, talvez para apressar o fim do concorrente.
Ou então para finalmente deixar seus donos à vontade, sem ter de fingir que são algo que nunca foram.



3 comentários:

  1. A Falha também está indo para o buraco, só vai demorar um pouco mais que o Estadinho, coitados!

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  2. Este comentário foi removido por um administrador do blog.

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  3. Isso tudo me traz uma tristeza imensa, profunda, dolorosíssima. Insuportável.

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