quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Juros altos não baixarão os preços escandalosos


A Folha informa que o governo federal deu aval para que o Banco Central eleve a taxa básica de juros, a Selic, para a casa dos dois dígitos. Isso porque, ainda segundo o jornalão, o "Planalto" está mais preocupado com o desgaste que sofre com a inflação alta do que com o aumento da Selic - de olho, é claro, na eleição do ano que vem.
Como a notícia foi dada por um notório inimigo do governo, é bom dar um desconto.
Se, todavia, ela for verdadeira, essa opção do governo - mais juro em troca de menos inflação - é lamentável.
Mais juro representa menos empregos, menos investimentos, menos desenvolvimento.
O Brasil viveu o pesadelo das taxas elevadas durante anos.
Deu no que deu: a vergonhosa marca de "campeão mundial" dos juros altos, economia estagnada, desigualdade vergonhosa.

Grande parte do motivo da oposição feroz feita ao governo Dilma é porque ele teve a coragem de baixar a Selic para níveis civilizados.
Com isso, a presidente ganhou a antipatia de todo o setor financeiro/bancário.
Os inúmeros porta-vozes desses setores, espalhados pela mídia, endureceram as críticas às ações governamentais, não perderam mais nenhuma ocasião para apregoar que o país está à beira do precipício, muitas vezes pautando a oposição parlamentar e em outras tantas amplificando o seu discurso terrorista.
É óbvio que a inflação alta é danosa ao país.
Mas neste momento ela não preocupa, pois não está fora do controle.
Preocupa, isso sim, a persistência de hábitos perniciosos por parte dos empresários da indústria e do comércio, que têm se valido, escandalosamente, da chamada "lei da oferta e da procura", já que, graças ao governo petista, dezenas de milhões de pessoas ingressaram no mercado de consumo.
Qualquer um que more em São Paulo, por exemplo, vê que os preços dos serviços e do comércio, nesses últimos tempos, se tornaram abusivos, completamente fora da realidade.
É evidente que os "empreendedores" estão se aproveitando da alta de renda da população e do quase pleno emprego para ir à forra por anos de "secura". 
Refeições comuns por R$ 40, cafezinho a R$ 5, aluguel em bairros de classe média a R$ 3 mil, apartamentos de 19 m2 (!) custando mais de R$ 250 mil, corte de cabelos a R$ 50, quilo do pãozinho francês a R$ 12, estacionamento para shows a R$ 100...
E tudo isso como se fosse a coisa mais normal do mundo.
O Banco Central pode puxar, como deve fazer hoje à noite, o juro básico para quanto quiser, que não vai reduzir esses preços.
É bem capaz que os comerciantes e os prestadores de serviço, para compensar o quanto pagarão mais de juros, aumentem ainda mais seus preços.
A cabeça desses "empreendedores", em vez das famosas "células cinzentas" que o genial detetive de ficção Hercule Poirot se orgulhava de ter aos montes, é preenchida por bilhões de cifrões, o símbolo da usura, perdição da humanidade.


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