quinta-feira, 2 de maio de 2013

Os senadores que querem fechar o Congresso


O encontro de alguns senadores com o ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, foi uma das manifestações de subserviência mais vergonhosas já protagonizadas pelos parlamentares brasileiros.
Puxar o saco ou servir de capacho para os poderosos, se não é algo natural do ser humano, se constitui numa atitude que a maioria das pessoas até entende. Quem bajula tem por fim o seu próprio interesse. Acha que puxando o saco do chefe, do patrão, ou seja lá de quem for, estará fazendo um bem a si mesmo, cavando uma promoçãozinha ou até mesmo um tratamento melhor.
Agora, homens importantes como senadores da República, mesmo aqueles que chegaram ao cargo menos por suas virtudes e mais por causa de um sistema eleitoral que estimula as aventuras dos oportunistas, deveriam ter um pouco mais de auto-estima.
Nesse caso explícito, eles podem até ser contra o projeto que regula a criação de novos partidos, mas não há nada que justifique ir cumprimentar o ministro que, numa flagrante violação das normas constitucionais, interferiu no seu andamento nas casas legislativas.
Se honrassem as calças que vestem, os tais senadores diriam ao ministro intervencionista que ele não poderia ter feito o que fez, que, quem sabe, até tivesse razão em brecar a iniciativa depois de ela ter sido aprovada.
Fazer o que fizeram, tomar a benção de um dos mais ativos criadores de crises institucionais, o homem que se disse ameaçado por uma "república do grampo" sem nunca ter mostrado nenhum indício da tal gravação - entre outros feitos nada dignificantes - foi como dizer à sociedade que o Legislativo é realmente a porcaria que a maioria julga e que aqueles que lá estão - ou pelo menos esses que foram ao beija-mão com o encrenqueiro -, são umas vacas de presépio que fazem qualquer coisa, inclusive mugir, por comida.
A justificativa de que os tais "representantes do povo" são da ala oposicionista, e por isso têm interesse em criar toda a confusão possível para os da situação, é patética.
Até a arte da política, tão vilipendiada nos últimos tempos, possui suas normas de decoro.
Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), Pedro Taques (PDT-MT), Ana Amélia (PP-RS), Pedro Simon (PMDB-RS), Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), Alvaro Dias (PSDB-PR), Ricardo Ferraço (PMDB-ES), Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), Antonio Carlos Valadares (PSB-SE) e Ruben Figueiró (PSDB-MS), os integrantes do seleto grupo que se ajoelhou à bata de Gilmar Mendes, parecem não saber disso, preferem agir como os mais reles bajuladores, como homens que desprezam e rejeitam a própria instituição da qual fazem parte.

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