terça-feira, 14 de maio de 2013

Lula, a ética e o jogo pesado dos doutores

Lula: o político ideal talvez esteja dentro das pessoas
(Foto: José Cruz/ABr)
Durante décadas e décadas os meios de comunicação vêm nos dizendo que a corrupção que cobre o imenso Brasil é causada única e exclusivamente por uma entidade chamada "governo", a qual, logicamente,  é constituída por políticos, burocratas, funcionários de maior ou menor poder etc e tal. Nunca ouvimos falar do corruptor, o sujeito que "compra" os serviços oferecidos pelo corrupto - e que, em 1.000% dos casos se trata do "impoluto" representante do setor privado.
Foi sempre assim e continua assim: os maus, esses terríveis bandidos que se apoderaram do setor público, e os bons, os nossos exemplares empresários que fazem tudo de acordo com a lei, que são incapazes de oferecer propinas e que tais para ganhar concorrências, serviços ou o que for, que nunca sonegaram um centavo de impostos, que seguem a ética e a moral passo a passo em suas realizações.
Essa é uma opinião tão incrustada na consciência popular que quando uma liderança de raro instinto sociológico como o ex-presidente Lula, durante um debate sobre os dez anos de governos petistas, diz que não existe político "irretocável do ponto de vista do comportamento moral e ético", muita gente se choca.
Por mim, prefiro ver que ainda existe gente como Lula, que usa a sinceridade no dia a dia, do que outras autoridades como esses ministros do Supremo Tribunal Federal, que estão ajudando a afundar de vez o pouco que resta do prestígio do Judiciário brasileiro, essa aberração que sabe perfeitamente distinguir a culpa dos réus apenas pela cor de sua pele, pelo tecido de suas roupas, pelo couro de seus sapatos, pela marca do carro e nome dos advogados.
Lula pegou pesado na sua análise.
Disse que a imprensa nacional tenta vender a imagem de que existem políticos ideais, que, segundo ele, não existem. Na sua avaliação, há setores que tentam promover a negação da política como forma de prejudicar o PT. Segundo ele, isso ocorreu na eleição da presidente Dilma Rousseff e também na eleição municipal de São Paulo em 2012. E  apesar disso, ele fez um apelo aos mais jovens para que não desistam da política. "Quando vocês não acreditarem em mais ninguém, no Lula, no (Fernando) Haddad, na Dilma, em ninguém, nem no Paulo Maluf... ainda assim, pelo amor de Deus, não desistam da política", afirmou, segunda-feira, à plateia do Centro Cultural São Paulo, na capital paulista.
"O político ideal que vocês desejam, aquele cara sabido, aquele cara probo, irretocável do ponto de vista do comportamento ético e moral, aquele político que a imprensa vende que existe, mas que não existe, quem sabe esteja dentro de vocês."
Esse é o Lula, o metalúrgico nordestino "analfabeto" que chegou à Presidência da República duas vezes e conseguiu tirar o país do buraco em que se encontrava quando era governado por sabidos intelectuais.
E ele está errado?
Basta ver o esforço que o STF, junto com a Procuradoria-Geral da República, está fazendo para  criminalizar a atividade política brasileira para dar razão ao ex-presidente.
E se os doutos ministros fazem isso é porque de bobos eles não têm nada. Sabem perfeitamente que o prêmio desse jogo que se arriscam a jogar, metendo o país numa grave crise institucional, vale a pena.
Afinal, eles têm interesses muito além dos nossos, pobres mortais.

3 comentários:

  1. Sem dúvida Lula foi corajoso ao admitir a sua imoralidade e a de outros tantos, mas convenhamos, esse fato não o redime nem justifica "tanta" falta de ética e moral. Ele e outros poderiam experimentar o caminho do meio...Aliás, Ele tem certeza de que o fato de surpreender com sua fala fácil o exime de tudo.

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  2. Pra escrever uma merda destas só poderia ser anônimo.
    Denize Moreno

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    1. Pois é, Denize.

      Mas olha só, a maioria dos comentários desse naipe hoje em dia são anônimos, ou seja, viraram pichação.

      Eles perderam o rumo, a argumentação e agora estão sendo escoados para a auto-clandestinidade.

      E que saber? Não tenho nem um pinguinho de dó por quem se vende por tão pouco.

      Bem feito

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