quarta-feira, 10 de abril de 2013

Tarso Genro peita o oligopólio da comunicação

Tarso Genro:  a mídia ideologiza a notícia
(Foto: Elza Fiúza/ABr)
Aparece, enfim, um político importante com coragem para falar coisas que a maioria, de seu partido e de outros, inclusive a própria presidente da República, por temor ou conveniência, prefere que fiquem como estão: o governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT), defendeu a regulação da mídia e disse que mais de 80% da programação de rádio e TV teria que sair do ar se a Constituição fosse respeitada.
Segundo Genro, "se esses artigos fossem aplicados de maneira séria, provavelmente mais de 80% dos programas que estão nas rádios e principalmente nas televisões teriam de sair do ar".
Ele se referiu a itens do Artigo 221 da Constituição Federal, que trata da programação das emissoras de rádio e televisão. "São programas que ou transformam a mercadoria em notícia ideologizada ou promovem a violência, o sexismo e a discriminação", disse durante evento organizado por sindicatos e movimentos sociais em Porto Alegre.
Genro defendeu uma reforma constitucional para regular os meios de comunicação e impedir que "meia dúzia de famílias" tenha o controle do setor.
Anteriormente, em entrevista do site Carta Maior, Genro havia dito que "a questão da chamada 'regulamentação da mídia' - que na verdade não trata nem do direito de propriedade das empresas de comunicação e muito menos da interferência do Estado nas redações ou editorias - é uma questão-chave do avanço democrático do país, das promessas do iluminismo democrático inscritas na Constituição de 88 e mesmo da continuidade da presença dos pobres, índios, negros, excluídos em geral, discriminados de gênero e condição sexual, trabalhadores assalariados e setores médios que adotam ideologias libertárias, na cena pública de natureza política".
Segundo ele, "é preciso 'forçar a barra', através da luta política, para que ela reflita no Congresso a exigência de uma sistema legal, regulatório e indutivo, para a formação de empresas de comunicação, cooperativadas ou não, estatais e privadas, que possam sobreviver e ter qualidade, independentemente do financiamento dos grandes grupos de poder financeiro e econômico, que tentam controlar a formação da opinião de forma totalitária".
Ele explicou como elas fazem isso: "Ideologizando as notícias e selecionando os fatos que informam o público consumidor de notícias, a partir da sua visão de Estado, da sua visão de desenvolvimento, da sua visão das funções públicas do Estado, gerando uma espécie de 'naturalização' do neoliberalismo e mascarando as premissas dos seus argumentos. Cito alguns exemplos: reforma do Estado significa reduzir o serviço público e demonizar empresas estatais, como estão fazendo atualmente com a Petrobras; redução dos gastos públicos significa diminuir as despesas de proteção social; o “custo Brasil”, para eles, é originário, não da supremacia da política rentista, característica do projeto neoliberal, mas principalmente das despesas com direitos trabalhistas e impostos; parcerias público-privadas são vistas apenas como 'oportunidades de negócios', para empresas privadas e não como uma relação contratual, que combine o interesse público com o interesse privado; a corrupção é sempre culpa do Estado e dos seus servidores, omitindo que ela tem outro polo, o polo mais ativo, o privado, que disputa obras e serviços, corrompe funcionários e manipula licitações, nas suas concorrências predatórias."
A esperança é que mais políticos e lideranças do arco de esquerda façam coro ao governador gaúcho e incluam a regulamentação da mídia na agenda das mudanças prioritárias para o país avançar rumo a uma democracia verdadeira.
Porque do jeito que as coisas estão, o Brasil vai continuar muito tempo nas mãos dessa oligarquia reacionária para a qual o Estado existe apenas para satisfazer seus interesses - que não são, absolutamente, os da imensa maioria da população.

7 comentários:

  1. Tarso Genro gosta de fazer afagos na esquerda bolsonara. Uma perguntinha, regulação da mídia para quem? Para satisfazer os Zé Dirceus da vida?

    ResponderExcluir
  2. Pois é, isso me intriga. Quando a esquerda faz a defesa de uma visão de mundo, imediatamente é chamada de ideologia. Quando a imprensa faz a defesa de uma visão de mundo isto não é considerado ideologia. Porque será? Em tempo: a diretalha da Província de São Pedro ficou louca com declaração de Tarso, taxando-a de "tentativa de implantar a censura". Ué, mas eles não apoiram o Regime Militar que fez extamente isso. Enquanto isso a população gaúcha vai na onda, imbecilida que foi pela RBS, só lhe ensionou a se preocupar com dupla Grenal. Triste o destino destes pagos.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Eu lutei para acabar com a ditadura militar que calou minha geração e sou veemente contra essa tentativa de controle social que não existe em nenhum país socialmente democrático. Inglaterra e EUA têm agências que fazem o controle político e nunca jurídico da mídia. O que certa esquerda quer é fazer o controle bolivariano da mídia. Não passarão.

      Excluir
  3. Enfim alguma vozes se pronunciam. Bom artigo.

    ResponderExcluir
  4. Visão de mundo de uma certa esquerda é acabar com a crítica. Se não fosse a mídia, a grande mídia, a chamada mídia oligopolista (mercado de grande mídia é sempre oligopolista em qualquer lugar do mundo), se não fosse o PIG, José Dirceu seria hoje ou presidente da república ou chefe da casa civil. A grande mídia é fundamental no Brasil de hoje. As vozes que querem calar são as mesmas que compartilham e defendem as falcatruas.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Pois é. Você lutou para acabar com a ditadura militar, mas pelo visto não aprendeu nada. Triste a tua condição. Achar que só existem falcatruas nos governos de esquerda, achar que o PiG não tem interesses irreveláveis, defender essa imprensa genocida que está carnalmente vinculada e defebde apenas os podres de ricos, acreditar piamente no PiG, resumir-se a repetir os argumentos do Grupo RBS, e pior, resumir os problemas de um país complexo apenas ao tema da corrupção que por aqui campeia desde 1500. Realmente a ditadura pode ter te ensinado alguma coisa, mas não a enxergar melhor.

      Excluir
  5. Eles(os direitas) lutaram sim, contra as "ditaduras" de Fidel, de Chavez, de Mandela, de J.K., de Goulart etc e etc.
    No entanto, voces enganam, a cada dia que passa, menos pessoas. O "IBOPE" de voces esta restrito aos números dos Faustões, Jô Só ares e suas OBESETES (meninas), das Fatinhas bernardes, CQCs.. E, evidente e sempre, dos despolitizados(são muitos ainda) da nossa sociedade.
    Va aos livros, editados recentemente direitas, como no caso da condenação de Dirceu, e vejam que, se a direita midiatica, fosse democratica, esse "julgamento" sumario, teria outro desfecho.
    A sociedade se movimenta, apesar dos partidos politicos e a vontade dessa direita midiatica infame.
    Politizar é LIBERTAR. (Pires)

    ResponderExcluir