terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Brasil, potência imperialista?


O site da Deutsch Welle dá uma visão de como os europeus, e especialmente os alemães, veem o Brasil. Na reportagem transcrita abaixo, o país é apresentado como uma nova potência imperialista. Será mesmo?
Vamos a ela:
Expansão do Brasil gera debate sobre postura imperialista
No início, os uruguaios ainda gostavam da cerveja brasileira. As filiais do Banco Itaú na capital Montevidéu tampouco eram um problema. Porém, em 2006, quando as firmas brasileiras passaram a comprar os armazéns frigoríficos do país, muitos ficaram desconfiados. De uma hora para outra o grosso dos negócios com a carne bovina, campeã de exportações do país, encontrava-se em mãos brasileiras. Frigoríficos no Uruguai, plantações de soja no Paraguai, usinas hidrelétricas no Peru: as empresas do Brasil conquistam a América do Sul. E com cifras de impor respeito. 
Segundo dados do Ministério das Relações Exteriores, o total das exportações nacionais para o restante da América Latina e o Caribe saltou de 11,5 bilhões para 57 bilhões de dólares, entre 2002 e 2011. Isso situa a região como segundo mais importante mercado para o comércio externo brasileiro, depois da Ásia. Admiração e rejeição Porém os demais latino-americanos observam com ceticismo a ascensão econômica do país. 
"Em muitos aspectos, os países veem o Brasil com um olhar semelhante ao que a América do Sul tinha sobre os Estados Unidos", expõe Oliver Stünkel, professor de Relações Internacionais na Fundação Getúlio Vargas, em entrevista à DW Brasil. "É uma mistura de admiração e rejeição." 
O clima político é especialmente tenso no Paraguai. A atitude brasileira após a posse do então presidente Fernando Lugo, em junho de 2012, ainda é encarada como uma intervenção descabida. "Quando o Brasil pressionou para que o Paraguai fosse suspenso do mercado comum Mercosul, voltou a aflorar o sentimento de que o país se comporta como uma potência colonial", explica Stünkel. 
O ex-ministro brasileiro do Exterior Luiz Felipe Lampreia também classifica como uma gafe diplomática o comportamento de seu governo na época. "Essa decisão política despertou um grande mal-estar no Paraguai", admitiu em entrevista à DW. No entanto, o diplomata considera absurda a acusação de que o Brasil estaria se comportando de forma colonialista. "Os brasileiros pagam impostos, exportam mercadorias e criam postos de trabalho, tanto no Paraguai como no Uruguai ou na Bolívia", contra-argumenta Lampreia. 
Quer como amigo, quer como inimigo, a expansão econômica e política do Brasil segue a passos largos. A mineradora Vale S.A. pretende investir no exterior, até 2014, um total de 9,6 bilhões de dólares, em especial em países africanos como Moçambique, Angola e Zâmbia. Com 17 mil funcionários, a multinacional Odebrecht é a maior empregadora privada de Angola. E a semiestatal Petrobras explora petróleo em Angola e na Nigéria. 
A expansão brasileira no continente africano é fruto de uma intenção política. Lá, o gigante sul-americano está representado com, no mínimo, 37 embaixadas. E, ao oferecer créditos acessíveis, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) também ajuda a financiar grandes projetos domésticos. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva visitou os países ao sul do Saara mais de uma dezena de vezes durante seus dois mandatos, de 2003 a 2011. 
Também sua sucessora Dilma Rousseff segue apostando na cooperação sul-sul. Com resultados palpáveis: de 2000 até agora, o volume anual de negócios Brasil-África cresceu de 4,2 bilhões para mais de 20 bilhões de dólares. 
Entretanto também na África lusófona a expansão brasileira gera tensões. Em julho de 2010, manifestantes enfurecidos invadiram a mina de ferro da Vale S.A. na Guiné, por violações dos direitos dos trabalhadores. Também em Moçambique, no leste africano, pequenos agricultores protestaram no último ano contra a empresa mineradora, por desalojá-los, a fim de dar lugar à exploração de carvão mineral em Moatize.
Em Moçambique, a relação da Vale com a população local é tão ruim que, para muitos, a atual imagem do Brasil é pior do que a de Portugal da época colonial", escreveu Carlos Tautz para O Globo. Se o governo não lembrar as firmas brasileiras do respeito às normas internacionais, no futuro o Brasil será percebido "como mais uma nação imperialista", advertiu o jornalista. 
O professor Oliver Stünkel, contudo, não partilha essa opinião. "A reputação do Brasil na África é muito boa. Para o país, ainda se desenrola o tapete vermelho", afirma o perito econômico.

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