quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Jornalismo moribundo


O fim do Jornal da Tarde é um sintoma da grave crise que afeta a imprensa brasileira. A publicação tinha passado, nos últimos anos, por diversas mudanças, gráficas e editoriais, ao sabor das conveniências: entrou na onda dos jornais populares, deu ênfase ao futebol, tentou ser porta-voz da metrópole etc etc.
Mas, verdade seja dita, o JT começou a morrer quando teve de abandonar, por falta de recursos para manter a estrutura, a linha que o tornou admirado, estudado e respeitado: a das grandes reportagens, bem escritas, bem apuradas, bem ilustradas, bem editadas. O JT começou a agonizar quando, enfim, deixou de fazer jornalismo.
Hoje, nenhum jornal brasileiro se aventura nessa prática, que implica gastos elevados e ótimos profissionais.
Há, é certo, alguns suspiros de inteligência numa ou outra publicação, mas são tão esporádicos que têm de ser consideradas exceções num oceano de mediocridade.
O jornalismo brasileiro, desde que o JT foi lançado, passou por mudanças profundas, nenhuma delas em benefício do leitor. Os jornais foram se tornando iguais, tanto no noticiário ralo e partidário que hoje predomina na imprensa tupiniquim, quanto no uso indiscriminado da informação, que deveria ser um bem público, para fins privados, como um mero comércio.
Uma das justificativas do Grupo Estado para abater o JT foi de que pretende "focar" seu negócio no vetusto Estadão. A se acreditar na veracidade do informe, pode-se supor que o centenário jornal sairá fortalecido com a morte do irmão mais novo.
É difícil acreditar, porém, que o sacrifício de uma marca tão querida seja capaz de reerguer outra que já viveu seus tempos de glória, mas hoje não passa de um gordo e ressentido panfleto repleto de ideias anacrônicas e reacionárias.
O futuro do Estadão - e dos outros jornalões do país - depende de como ele vai interpretar o enigma destes novos tempos em que, graças à revolução promovida pela internet, a informação não é mais privilégio de uns poucos iluminados, mas está disponível para todos, instantaneamente.
E esse é um desafio que a maioria prefere ignorar.

3 comentários:

  1. Neste caminho o Estado de São Paulo também sucumbirá, afinal, sua linha editorial tornou-se partidária de tudo aquilo que os trabalhadores do hemisfério norte e sul repudiam, á saber: O neo-liberalismo, a globalização e, a socialização dos prejuízos da banca.

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  2. Em vista de tanta infelicidade, falencias, mentiras, desesperanças, desempregos, odios todos, fome e miséria que essa direita midiatica espalhou e espalha por toda a sociedade há décadas e décadas, QUE TODOS QUEIMEM ABRAÇADOS NO FOGO DOS INFERNOS.

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  3. Não conheço nenhum jovem que COMPRE jornal e que leia jornal impresso, quero que alguém me mostre um jovem leitor dessa merda de jornal impresso, vejo todos os dias recusa de jornal gratuito distribuídos de graça nos faróis da capital dos muares paulistanos, nem eu também quero uma merda dessas, enfiem bem no olho daquele lugar com uma certa galhardia, manada de bandidos...

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