quinta-feira, 4 de outubro de 2012

O Judiciário se apequenou


O Judiciário é uma das instituições em que o brasileiro menos confia, segundo o Índice de Confiança Social (ICS), que é feito anualmente, desde 2009, pelo Ibope Inteligência. Abaixo dele estão, pela ordem decrescente, os itens "governo do seu município", "sindicatos", "sistema público de saúde", "Congresso Nacional" e, por último, "partidos políticos".
Em 2009, o Judiciário conseguiu 53 pontos, mesma pontuação de 2010. Em 2011, houve o recuo para 49 pontos. O resumo da pesquisa está na tabela acima.
Muita gente deve achar que o Judiciário está resgatando a sua imagem com o espetáculo do julgamento do tal mensalão. 
Pode ser que sim, pode ser que não.
Certo é que, num primeiro momento, os antipetistas, os tucanos de carteirinha, a turma dos ressentidos e dos derrotados nas urnas, farão da sentença contra os ex-dirigentes do PT a bandeira capaz de dar novo ímpeto à campanha incessante que promovem para expulsar o partido e o seu presidente de honra da cena política do país, ou para, como disse um dos seus próceres, hoje aposentado, "acabar com essa raça".
Para eles, o Judiciário brasileiro mostrou-se perfeito, mesmo que os juízes supremos tenham sido obrigados a atuar mais como contorcionistas de circo para justificar seus votos do que como serenos e ponderados magistrados.
Mas há uma porção de gente que não tem o mesmo ânimo para comemorar o fim do reality show das togas, entre os quais importantes juristas, sociólogos, jornalistas e intelectuais das mais variadas áreas. 
Para esses, a sanha condenatória dos juízes supremos em nada contribui para o aperfeiçoamento das instituições republicanas, mas sim representa um notável retrocesso.
Eu vou além: quando optaram por fazer um julgamento político e não técnico, os juízes supremos jogaram no lixo o maior valor de sua instituição, que é a credibilidade; quando optaram por fazer das sessões um espetáculo midiático, quando vazaram aos jornalões  as suas sentenças ou deram entrevistas flamantes sobre o que se discutia nas sessões eles desrespeitaram um dos princípios básicos do comportamento de um verdadeiro magistrado, que é a sobriedade.
Ao se portarem como personalidades midiáticas em busca da aprovação popular, os nossos juízes supremos não ficaram maiores, mas sim menores.
Talvez o Ibope, em sua próxima pesquisa sobre a confiança nas instituições, capte um extraordinário crescimento na pontuação do Judiciário como efeito desse julgamento.
O que me incomoda, entretanto, é saber que isso terá sido obtido não graças a um persistente e sério trabalho em prol do aperfeiçoamento da instituição, mas muito mais pelo efeito do marketing e da propaganda que os meios de comunicação, simples forças auxiliares dos partidos oposicionistas, fizeram de todo o processo. 

Um comentário:

  1. Ontem aqui em Porto Alegre uma médica foi baleada e o assaltante preso. Hoje o assaltante foi solto pelo Judiciário.

    Se o Judiciário continuar dando decisões do tipo Lewandowski e Dias Toffoli vai perder mais e mais credibilidade.

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