terça-feira, 25 de setembro de 2012

Russomano, o povo e as elites

Russomano: criado pela elite, detestado por ela
Celso Russomano só não será o próximo prefeito de São Paulo se algum evento extraordinário ocorrer até o segundo turno da eleição. Contrariando todas as expectativas, as pesquisas não captaram até agora nenhum oscilação negativa em sua popularidade. Pelo menos um terço do eleitorado afirma que vai votar nele. 
O fenômeno Russomano intriga boa parte dos chamados "analistas". As mais intricadas e sofisticadas teorias tentam explicar o seu sucesso eleitoral.
Tais "especialistas" agiriam melhor, porém, se deixassem de lado essa sociologia toda e procurassem se colocar no lugar do eleitor, que parece adorar o radialista por uma razão muito simples: Russomano, para essa pessoa, é quem, entre todos os candidatos, mais trabalhou pela população, é o sujeito em que a população mais confia, graças aos anos e anos em que ele esteve na telinha da televisão "defendendo" os mais fracos contra os poderosos.
Nem Serra, nem Haddad, nem Chalita, ou qualquer outro tem esse nível de confiança da maioria dos eleitores, essa massa desinformada, ignorante das coisas da política, que gasta horas do dia apenas para ir trabalhar ou estudar, que não lê jornais ou revistas, que pouco frequenta cinemas e teatros, que tem como único lazer diário a televisão, que é, como todos nós sabemos, a mais poderosa arma já inventada para alienar as consciências.
Russomano será, muito provavelmente, o próximo prefeito de São Paulo, apenas porque a maioria da população acha que ele fará na prefeitura o que vem fazendo há anos na televisão: resolver o problema dos mais fracos, ficar ao lado dos desamparados.
Para seus eleitores, Russomano é uma benção, é o novo que surgiu na política, é o cara que não faz parte das panelinhas, dos esquemas, de toda essa sujeira que o imaginário popular liga aos políticos.
E se a gente for pensar um pouco mais, vai chegar à conclusão que Russomano nada mais é do que uma criação de certos setores da elite brasileira, essa mesma elite que hoje o despreza: quem seria ele, por exemplo, se a televisão no nosso país fosse algo sério, se cumprisse minimamente com a sua função social? Ou então, se o papel que ele representa tão bem de defensor dos fracos e oprimidos fosse ocupado, como deveria ser, pelas instituições oficiais, pelos órgãos de defesa do consumidor que só sabem se esconder e se omitir quando são solicitados a agir?
De minha parte, lamento muito a escolha popular nesta eleição. Mas entendo a opção por Russomano e até que, lá no fundo, me sinto, de certa forma, vingado com a sua vitória, ao me lembrar de um ditado que ouvia muito em minha longínqua infância: "Quem pariu Mateus que o embale."

2 comentários:

  1. Meu caro Mota, se eu morasse em São Paulo diria: Estamos fu...!
    Para São Paulo se tornar um feldo só faltava o fator religião, com Russomano não falta mais!

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  2. É uma pena mesmo que o povo seja tão alienado.
    Quero muito que Chalita ganhe. Acho que ele tem boas propostas possíveis de serem realizadas. Acho ele muito pé no chão e gosto disso. Vou torcer por sua vitória.

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