terça-feira, 14 de agosto de 2012

Ah, que saudades dos tucanos...

Protesto de servidores no Rio:
no tempo de FHC devia ser bem melhor...
(Foto: Tânia Rêgo/ABr)
Até agora não consegui entender essa investida das centrais sindicais e dos servidores públicos federais contra o governo. Claro que a greve é um direito dos trabalhadores, que devem sempre lutar por salários maiores e melhores condições de trabalho. Mas ganhar sem trabalhar não está certo: uma relação trabalhista nada mais é do que a compra e a venda da mão de obra e, se uma das partes rompe o acordo, a outra se desobriga de cumprí-lo.
Simples assim, não há nada de "autoritarismo", como dizem os trabalhadores, na atitude do governo de querer que a greve termine, de um  modo ou de outro. Afinal, é dever do governo fazer com que a burocracia funcione de modo a prover a população de serviços eficientes. Para isso é que a gente paga impostos.
O "Valor" publicou uma tabela bem interessante, que mostra que alguns cargos do funcionalismo público tiveram aumentos reais - ou seja, acima da inflação do período - de cerca de 90% entre dezembro de 2002 e dezembro de 2012. O menor salário inicial, nos exemplos da tabela, é dos policiais rodoviários, de R$ 5.800. Um auditor fiscal ou do trabalho começa sua carreira no funcionalismo federal recebendo R$ 13.600, o que, convenhamos, é um excelente salário.
Não dá para comparar o que o governo Lula e os anteriores fizeram em prol dos servidores - e isso eles mesmo reconhecem. Mas até mesmo a boa vontade tem limites. Hoje, a prioridade do Brasil é passar pela crise internacional sofrendo o mínimo possível, e só se alcançará esse objetivo se a economia crescer a um ritmo mais intenso do que o atual.
Na semana passada, a presidente Dilma se referiu, indiretamente, às demandas dos servidores, dizendo que ela estava preocupada era em arranjar emprego para a parcela mais fraca da população.
Nada mais justo. O país não pode se dar ao luxo de comprometer o esforço que faz para, ao mesmo tempo, crescer economicamente e diminuir a desigualdade social, somente para atender a uma parcela ínfima de seus trabalhadores.
Do jeito que essas greves dos servidores estão sendo conduzidas parece que eles vivem na penúria, que o Estado simplesmente não cuida deles, que eles não têm a menor importância.
Parece que este governo - uma continuidade do anterior - é contra os trabalhadores.
Desse jeito, dá a impressão de que os funcionários públicos federais têm saudades dos velhos tempos em que FHC e sua turma faziam o possível para deixar o Estado brasileiro do tamanho de sua mediocridade.
Bons tempos aqueles, não é mesmo, pessoal?

3 comentários:

  1. De fato tivemos aumentos substantivos no governo Lula.
    Mas isto apos anos de penuria no governo FHC.
    O que querem afinal? Que voltemos ao nivel salario dos tempos tucanos?
    Dois anos sem qq reajuste, sem perspectivo nos anos que virão, e não temos o direito de reivindicar nossos direitos? Oras, então pra que votar no PT?
    Se Serra tivesse ganho a eleição, tenho certeza que o PT, agora, estaria do nosso lado...

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  2. Opa!
    Alto lá com o "ganhar sem trabalhar"!
    Não temos bancos de horas para trocar pelos dias parados, não temos mais as licenças-prêmio para trocar pelos dias parados, não temos o apoio da opinião pública (nem da de esquerda).
    O ÚNICO meio de pressionarmos o governo, que com uma falta de tato impressionante nem abre espaço para negociações, é continuarmos recebendo o salário durante os dias parados. Temos família para sustentar, contas a pagar, financiamentos imobiliários, escola, etc. Tirar o salário de um servidor por ele aderir a uma greve é jogar sujo com os servidores.
    Na iniciativa privada o patrão tem interesse em terminar tudo rapidamente. As greves não perduram. Pelos dias parados, geralmente os trabalhadores têm várias horas nos bancos de horas, que são descontadas. Nós não temos NADA para dar em troca. Se propuserem que paguemos os dias parados em horas no futuro, ou parceladamente com desconto futuro em folha, garanto que a grande maioria toparia e o governo veria somente a greve engrossar.
    Por que não se propõe isso em vez de ameaçar os funcionários com a possibilidade de ficarem inadimplentes com suas obrigações? Isso é ILEGAL!
    Quanto a termos recebido bons reajustes recentemente, realmente, foram bons reajustes vindos para mitigar ANOS de arrocho do governo tucano.
    Agora a opção, na opinião deste blog e da grande mídia, é esperarmos até que nossos salários fiquem tão defasados quanto antes, novamente, para aí sim pleitearmos?
    Se você acha mesmo que o governo está gastando muito conosco, leia este link: http://sindireceita.org.br/wp-content/uploads/2012/07/O-Mito-do-Descontrole-de-Gastos-com-Pessoal.pdf

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  3. Concordo com alguns pontos do texto e acho que qualquer comparação com o setor público mostra que os salários pagos pelo governo não são esse horror todo. Se um funcionário público acredita que ganha mal, pode se demitir e buscar recolocação no mercado. Mas escrevo para parabenizar pela frase final " ...em que FHC e sua turma faziam o possível para deixar o Estado brasileiro do tamanho de sua mediocridade." é perfeita e serve também para o atual governo. Lula, Dilma e sua turma tb estão deixando o estado do tamanho de sua mediocridade.

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