sexta-feira, 29 de junho de 2012

O inacreditável Kassab

Kassab: com mestres como Pitta,
Maluf, Jânio  e Serra,
dá para esperar o quê?
(Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/ABr)
Falta pouco, muito pouco, para Gilberto Kassab arrebatar de Celso Pitta o título do pior prefeito que São Paulo já teve. Coincidência ou não, eles foram paridos no mesmo útero neoliberal conservador que tanto mal tem feito ao país: Pitta foi secretário de Maluf; Kassab foi secretário de Pitta.
Tanta proximidade não poderia resultar em algo bom. A degradação vertiginosa da metrópole é prova disso. E ela está presente em todos os setores: vai da simples manutenção do patrimônio público, da limpeza das ruas, parques e praças, ao direito básico do cidadão de se locomover. 
O pior de tudo, porém, não se mede em metros de asfalto que foram colocados nas ruas, ou em escolas, hospitais, creches que não foram feitos, ou em quilômetros de corredores de ônibus ou de trilhos de metrô que não foram construídos. 
O pior de tudo é a sensação de que estamos todos, cidadãos comuns, trabalhadores que pagam impostos e procuram levar as suas vidas da melhor maneira possível, nas mãos de um bando de desqualificados que não têm a menor noção do que seja um Estado democrático.
Essa história de que a prefeitura proibiu a distribuição de sopa para os moradores de rua não poderia ser prevista por nenhum roteirista dos piores filmes de ficção científica que foram ou ainda serão feitos.
É inacreditável que tal medida tenha partido de uma Secretaria Municipal de Segurança Urbana, seja lá o que isso signifique, e ninguém da administração, absolutamente ninguém, tenha percebido o alcance de tal imbecilidade.
Como disse um integrante de uma ONG que distribuiu comida aos sem-teto: "O prefeito quer proibir a caridade..."
Faça agora o que fizer em relação ao assunto, a simples divulgação dos planos deu o empurrão final para Kassab ingressar no inglório panteão dos piores homens públicos que já apareceram no país.
Suas atitudes, todas elas, nos remetem a um dos craques desse time, o ex-presidente da República Jânio Quadros, o homem que, antes de renunciar covardemente ao exercício de suas funções, havia se notabilizado por proibir as brigas de galo e o uso do biquini nas praias brasileiras. 
Na segunda vez que foi prefeito de São Paulo, relata a Wikipédia, Jânio "repetiu seus lances populistas habituais: pendurou uma chuteira em seu gabinete (para ilustrar o suposto desinteresse em prosseguir na política), proibiu jogos de sunga e o uso de biquínis fio-dental no Parque do Ibirapuera (onde era localizada a então sede da prefeitura), com frequência mandava publicar no Diário Oficial do município os célebres bilhetinhos enviados aos seus assessores, obrigou a direção da Escola de Balé do Teatro Municipal a expulsar alguns alunos tidos como homossexuais, aplicou multas de trânsito pessoalmente, posou para a imprensa com a camisa do Corinthians e fechou os oito cinemas que iriam exibir o filme A Última Tentação de Cristo, de Martin Scorsese, por considerá-lo desrespeitoso à fé cristã. A obra só estrearia na cidade no início de 1989, após o final de seu mandato".
Kassab, parece, tem como meta superar as porcarias que foram as administrações de Jânio Quadros, Pitta, Maluf, e seu criador José Serra, o breve.
Como ainda faltam seis meses para desocupar o gabinete e partir para outras aventuras, pode perfeitamente se desincumbir dessa tarefa com total êxito.

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