segunda-feira, 11 de junho de 2012

A (des)importância do "mensalão"


Está na cara que o Supremo Tribunal Federal cedeu às pressões da imprensa e partidos oposicionistas que queriam marcar para já o julgamento do caso que ficou conhecido como "mensalão".
O circo está armado para que o o STF julgue o caso pouco antes das eleições municipais. Como os réus são muitos, é mais que provável que vários deles, inclusive políticos bem conhecidos, sejam condenados a alguma coisa, para que a oposição, sem bandeiras, sem rumo e sem votos, possa tirar uma casquinha e faturar em cima.
Pelo menos é isso o que pensam os que arquitetaram esse plano.
Assim, o julgamento do tal "mensalão" não será técnico, e sim político. E se esse fato for denunciado com vigor pela sociedade civil organizada - sindicatos, associações de classe, partidos políticos etc e tal - o Supremo vai se desmoralizar ainda mais do que já está, graças a esses ministros tresloucados que se metem a dar palpite em tudo - inclusive em casos sub judice - ou fabricam crises institucionais com a facilidade com que se compra banana na feira.
Mas vamos supor que a sociedade se cale diante desse descalabro que seria um julgamento político. Mesmo assim, mesmo que alguns réus sejam condenados, tenho cá minhas dúvidas de que esse fato será suficiente para mudar algo nas eleições municipais.
O que vai influenciar o resultado será outro julgamento: o das atuais administrações.
A de São Paulo serve como exemplo. Que importância tem para o eleitor o fato de José Dirceu ser condenado ou não se a cidade foi destruída por quatro anos de administração Kassab? Como será possível fazer o cidadão que sofre cada vez mais as consequências de uma gestão absolutamente incompetente mudar o seu voto porque fulano foi condenado por fazer caixa 2 eleitoral?
Só na cabeça de gente que vive em outro mundo é que isso vai acontecer.
O problema da oposição no Brasil - aí incluídos os jornais, revistas, emissoras de rádio e televisão - é que está se distanciando cada vez mais da realidade, vive no universo que ela própria criou, acha que o editorial que escreve ou a denúncia que faz vai alterar a ordem universal.
Já passou o tempo em que isso acontecia, já vai longe o dia em que um editorial do Estadão era comentado e servia para influenciar o comportamento do público. Hoje, no máximo, ele nos faz dar umas boas risadas, tal o seu grau de alheamento do mundo real.
O brasileiro hoje é mais feliz porque tem emprego e salário e assim pode fazer várias coisas que antes, quando o país era governado pela turminha neoliberal, nem podia sonhar.
O povo é mesmo assim, pragmático, vota por conveniência e muito pouco por ideologia. Portanto, é um completo disparate pensar que o resultado do julgamento de um caso que não tem a menor importância para o dia a dia das pessoas vai ajudar a eleger candidatos oposicionistas.
Acho que já escrevi isso, mas não custa repetir: não há nada mais conveniente para a sobrevivência do projeto de poder do PT do que os adversários que ele tem.

Um comentário:

  1. Acertou na mosca, afinal, para o brasileiro oque conta, é ter trabalho, poder pagar suas contas e ter o direito de consumir , criar seu filhos com dignidade e poder sonhar, o resto é conversa fiada, em que minha vida mudará se alguém for condenado no mensalão?
    Esses caras são bem de vida, no máximo irão pagar algumas cestas básicas, ou, cumprirão alguma pena alternativa, e a maioria deles nem candidato é, no fundo quem perde são as oposições, pois não possuem nenhum projeto para o País. Me engano, projeto eles tem, o de transformar o Brasil em uma grande Grécia.

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