quarta-feira, 2 de maio de 2012

Ou vai ou racha


O discurso da presidente Dilma Rousseff para o 1º de Maio deve ter deixado os banqueiros ainda mais preocupados do que estão. Dilma reafirmou a sua intenção de ver os juros cobrados no Brasil caírem a níveis civilizados. Para tanto, o governo já faz a sua parte, por meio da redução da Selic e das taxas cobradas aos clientes pela Caixa e Banco do Brasil. Restaria apenas os quatro grandes bancos privados - Bradesco, Itaú, Santander e HSBC - deixarem de fingir que estão atendendo ao apelo governamental e resolverem de vez dar a sua contribuição.
Baixar os juros deve ser desejo de 99,9% da população brasileira. É algo que vem sendo reivindicado por trabalhadores e empresários desde sempre. Só os banqueiros são contra isso. O problema é que os juros não podem cair abruptamente, sem que sejam criadas condições para o país conviver com uma outra realidade. A queda deve ser um processo a ser assimilado por todos os agentes sociais para que traga mais benefícios que prejuízos.
A Folha dá hoje em manchete que o governo já estuda mexer nas regras da poupança para evitar que haja uma transferência do dinheiro investido em outras aplicações financeiras para ela. É que, se os juros caírem muito, a poupança passa a ser muito mais atraente que os outros investimentos, pois não cobra nenhum imposto, e com uma migração maciça, não só os bancos iriam sofrer, mas também o governo, que precisa vender títulos para rolar a sua dívida.
Não dá para acreditar em tudo o que a Folha escreve. Essa notícia pode não passar de um desejo ainda embrionário de alguém do governo ou um balão de ensaio para sondar a repercussão de uma medida dessas num ano eleitoral. Ou então, contrariando a lógica política que manda adotar cautela em temas tão sensíveis quanto esse, a presidente Dilma realmente tenha mandado a sua equipe econômica resolver o pepino, pois pretende deixar o governo com o Brasil convivendo com juros de Primeiro Mundo.
Transformar essa intenção em realidade não depende só do governo. É preciso que toda a sociedade se engaje na luta por essa causa absolutamente prioritária para o bem-estar de todos. As organizações sindicais, as entidades patronais, a chamada "sociedade civil organizada", estudantes, e até mesmo a tão desmoralizada categoria dos jornalistas, todo mundo, enfim, deveria dar a sua contribuição para o êxito da batalha.
Juro alto é bom apenas para o banqueiro. E, como diz o senso comum, o que é bom para ele, é péssimo para o resto da sociedade.

3 comentários:

  1. Porquê será ruim para o governo se os investimentos migrarem de outros fundos para a poupança ?
    Não é a poupança , a maior financiadora do setor imobiliário do país ?
    Se , este dinheiro que está aplicado em especulação financeira for usado para a construção civil , será como uma injeção à economia .
    Oque o Governo Dilma quer , é que os recursos disponíveis sejam canalizados do setor rentista para o setor produtivo da economia .
    Dilma quer , que esta meia duzia de sanguessugas , usem seu dinheiro para produzir riquezas .
    Quando se investe em produção e trabalho , todo mundo ganha . A Europa tem investido em arrocho e salvação de banqueiros e todo mundo está perdendo , menos os banqueiros e seus bem remunerados CEOs .

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  2. O problema é que, com taxas de juros baixas, o governo terá dificuldade para colocar no mercado seus títulos para refinanciar a dívida interna. Quem compra os títulos são justamente os bancos...

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  3. Com a Europa e EUA em crise tem sido mais difícil para aqueles governos rolarem suas dividas , assim os investidores tendem a procurar títulos em países com a economia mais sólida . A tendencia é que mais dinheiro entre no País , e o governo poderá baixar ainda mais a taxa selic . Se o problema é a isenção de imposto sobre a poupança , é só taxar grandes valores , assim os pequenos poupadores não seriam desestimulados e os grandes especuladores não seriam atraídos para este tipo de investimento .

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