sexta-feira, 6 de abril de 2012

Toda a pressa do mundo


Desde não sei quando ouço que São Paulo tem pressa, que na metrópole as pessoas andam apressadas, como se isso fosse uma coisa boa: afinal, tempo é dinheiro, não é mesmo?
Ligar o tempo ao sucesso profissional sempre me pareceu uma ideia errada. Há muitos exemplos de pessoas que fizeram fortuna não porque saíram correndo por aí que nem desesperadas, mas porque souberam, pacientemente, com calma, fazer seu negócio crescer, forte e sadio.
Hoje, quem consegue ter um mínimo de atenção ao que ocorre à sua volta quando se locomove por São Paulo vai ver que nunca, pelo menos que eu me lembre, as pessoas tiveram tanta pressa.
Dizer isso parece um contrassenso, já que o trânsito praticamente se arrasta pela cidade. Mas talvez seja por isso mesmo que, quem pode, quem consegue uma brecha entre os milhões de veículos que entopem as ruas, sai em disparada para sabe-se lá onde.
E os motoqueiros, então? Canso de vê-los se contorcendo, como se fossem artistas de circo, fazendo as manobras mais improváveis, se arriscando a levar um tombo, só para ficar à frente dos carros no sinal fechado.
Impressionante como eles têm pressa, como desobedecem todas as leis de trânsito, como se mostram completamente insanos, desesperados.
Toda vez que vejo um deles fazer uma barbaridade que pode causar um acidente grave fico pensando se tanta imprudência nasce da necessidade de ele concluir alguma tarefa urgente ou se simplesmente ele age assim por instinto, por imitação, por ver que todos os de sua tribo fazem exatamente o que ele faz.
E os carros, então?
Basta uma rua estar um pouco mais vazia que o habitual para que todas as placas de trânsito virem símbolos mortos, meros enfeites de beleza duvidosa. Acelerar o mais que pode, furar os semáforos, ultrapassar quem está pela frente, parecem ser os únicos objetivos do motorista.
E eu me pergunto: para quê?
A resposta pode estar nessa vocação obreira paulistana, que estabelece horários e prazos para tudo, mesmo para o impossível, mas também numa indefinível sensação de que correr é tudo o que resta aos habitantes, já que tudo o mais que os faça feliz lhes foi negado.
Algo assim como a desabalada carreira dos lemingues rumo à morte.

P.S. : Me ocorre agora que hoje, quinta-feira, é véspera de feriado prolongado. As pessoas vão correr ainda mais que o normal para deixar a cidade. E, a deixando, vão correr ainda mais que o normal nas estradas para chegar aos seus destinos. E, no domingo, vão correr ainda mais que o normal para chegar logo às suas casas. E, na segunda-feira, vão ficar paradas no trânsito, lamentando que não podem correr.

2 comentários:

  1. sinto meu caro amigo que seus comentarios fazen parte modo em que tu vive aonde nao consegue separar os dois estilos de vidas que estao dentro de voce esses sao nossos paradoxios da vida contenporanea assin por diante porque nao conseguimos viver sem nenhuma das duas

    ResponderExcluir
  2. Sinto muito meu caro, você nem sabe escrever "assin"... Minha Nossa Senhora. "paradoxio" = "paradoxo". Ai ai, como pode existir pessoas pra fazer críticas se nem sabem escrever o próprio português.

    ResponderExcluir