terça-feira, 10 de abril de 2012
Os EUA e nós
A visita da presidente Dilma Rousseff aos Estados Unidos serviu ao menos para expor claramente duas coisas: a administração Obama não vê a relação com os vizinhos americanos como prioridade e, ao mesmo tempo, considera o Brasil uma potência regional, se não sua aliada, ao menos um país em que pode confiar.
Os Estados Unidos estão hoje muito mais preocupados com a geopolítica do Oriente Médio do que com o que se passa ao sul do seu imenso território.
Praticamente todo o esforço diplomático e de guerra americanos está concentrado em derrubar o regime de Bashar Al-Assad, na Síria, e, depois, acabar com a República Islâmica do Irã.
Se conseguir ao menos o primeiro objetivo, já estará perto de uma vitória completa: dominará completamente o Mediterrâneo. E, sem a Síria, com China e Rússia derrotadas na região, a queda dos aiatolás iranianos será apenas uma questão de tempo.
E dinheiro. E armas, muitas armas.
Quanto à América Latina, embora Cuba ainda seja a maior pedra no sapato americano, e Venezuela, Equador, Bolívia e Nicarágua causem algum desgosto, não há nada que preocupe tanto a ponto de exigir uma intervenção imediata.
Brasil, México e Argentina, os três maiores países latinos da região, mantêm relações, se não efusivas, pelo menos amenas com o império.
Parece que Obama resolveu deixar tudo como está para ver como fica.
Preferiu não criar focos de tensão desnecessários, pois sabe que embora a importância do Brasil tenha crescido muito nos últimos anos no cenário internacional, falta ao país o que sobra aos Estados Unidos: um imenso poder militar e cultural que se estende a todo o mundo.
O único erro americano, talvez, seja deixar que a China aprofunde, muito rapidamente, sua influência na América Latina, por meio de um comércio extremamente agressivo com os países da região.
A liderança comercial americana, inconteste até outro dia, hoje está abalada.
Será interessante observar o que os Estados Unidos vão fazer para deter esse avanço da China. Embora o radar americano esteja apontado para outras partes do mundo, dificilmente eles irão deixar que a região que até outro dia foi o seu "quintal" saia completamente de sua área de influência.
É esperar para ver o que eles aprontarão por aqui nos próximos anos.
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