terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Show de horror


O jornalismo de entretenimento, aquele que se dedica a fofocas dos astros e estrelas da televisão e do cinema, existe desde sempre. E vai existir até que as pessoas se cansem de espionar a vida dos outros - coisa que, convenhamos, não deve acabar nunca.
Por essas e outras até dá para entender a cobertura que a imprensa faz dessa imbecilidade chamada BBB. Mas não há nada mais irritante do que abrir uma página de um grande portal da internet e ter de ler títulos como "Expulso do BBB12, Daniel não terá substituto" ou "Acusado de estupro se definia como 'carinhoso' e 'companheiro'", ou como "Crítica: BBB não dá satisfação ao público".
Essa história de "estupro" no programa tem cheiro de mais um lance de puro marketing para criar uma polêmica capaz de alavancar a audiência desse show de horrores.
E a imprensa embarca com tudo, fazendo de conta que está cobrindo algo sério, quando na verdade se aproveita para tirar uma lasquinha do episódio, da maneira mais inconsequente possível.
Pois se a história é verdadeira, o dever dos jornalistas seria investigar o assunto, saber o que as autoridades públicas pretendem fazer a respeito, discutir a validade de a televisão, uma concessão pública, exibir um lixo como esse tal de BBB. Afinal, estupro é crime, não impedir um estupro é crime, transmitir um estupro ao vivo para todo o pais, um crime ainda maior.
Mas nada disso acontece. A cobertura, como se vê pelos títulos pinçados dos portais, é na linha do "entretenimento", para satisfazer aquela parcela do público que não está nem aí para outra coisa que não seja a futilidade do mundo encantado do show business.
Programas como esse e outros da mesma linha fazem sucesso ou apenas sobrevivem também porque são repercutidos por esse pseudojornalismo que cultua pseudoartistas.
Se algum dia alguém esquecer de noticiar o dia a dia das "celebridades" criadas pela televisão, garanto que o mundo não vai acabar.
Longe disso, ele vai ficar melhor, estará livre de porcarias como esse BBB e tudo de ruim que o cerca.
Ninguém quer que a televisão seja algo chato, mas, cá entre nós, existe algo mais desinteressante e aborrecido que o cotidiano de uma dúzia de pessoas incapazes de formar uma frase inteligível e que não têm um mínimo de cultura, educação ou talento artístico?

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