quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

PT reforça a ala esquerda


Uma das críticas mais importantes que fazem ao PT é sobre o fato de ele, no governo, ter assumido as práticas dos partidos tradicionais, abandonando o trabalho de militância e o ideário de esquerda. Em outras palavras, que se aburguesou.
A crítica pode ter uma parte de verdade, mas o PT não é apenas o que se vê no noticiário. Há ainda no partido, felizmente, muita gente que é movida pela paixão, pelo sonho de transformar o mundo numa sociedade mais justa e igualitária. Há muita gente ainda socialista de verdade.
O release que o deputado federal baiano Valmir Assunção distribuiu é exemplo disso. Nele, ele informa a criação de mais uma tendência no PT, a Esquerda Popular e Socialista, "de caráter socialista e com referência filosófica no marxismo", que aglutina "correntes nacionais e regionais à esquerda do partido".
O deputado informa ainda que a nova corrente "tem como compromisso disputar os rumos do PT para que ele se estabeleça como um partido capaz de aprofundar e radicalizar a disputa pela reformas estruturais na perspectiva democrática e popular, defendendo o governo Dilma e aprofundando as reformas iniciadas nos dois mandatos de Lula".
A sua direção nacional foi composta paritariamente por 34 mulheres e homens e conta com mais de 20% de jovens e de negros e negras. Na direção executiva nacional estão Renata Rossi, Angélica Fernandes, Julia Feitosa, Luciana Mandeli e Mauro Rubem, Ivan Alex, Shakespeare Martins e Valmir Assunção.
A íntegra do release sobre a criação da Esquerda Popular e Socialista vai na sequência:

Esquerda Popular e Socialista é a nova tendência nacional do PT
Nova corrente do PT foi fundada em congresso, neste final de semana, na Escola Florestan Fernandes do MST, em Guararema. 
“Agora, agora é pra valer, Esquerda Popular Socialista do PT”. Com o grito de ordem encerrou-se no domingo, 4 de dezembro, na Escola Nacional Florestan Fernandes, do MST, o Congresso Nacional de Fundação da Esquerda Popular e Socialista, a nova tendência nacional do Partido dos Trabalhadores. A Esquerda Popular e Socialista nasce com musculatura política e social e está organizada em 18 Estados brasileiros, fortemente vinculada com os movimentos sociais.
A abertura do Congresso Nacional de Fundação da Esquerda Popular e Socialista aconteceu no dia 2, na sede do PT Nacional, em São Paulo, e contou com a presença de lideranças de outras tendências petistas e de movimentos sociais brasileiros. Nos dois dias seguintes, as atividades ficaram concentradas na Escola Florestan Fernandes.
 De caráter socialista e com referência filosófica no marxismo, a nova EPS aglutina correntes nacionais e regionais à esquerda do partido, e tem como compromisso disputar os rumos do PT para que ele se estabeleça como um partido capaz de aprofundar e radicalizar a disputa pela reformas estruturais na perspectiva democrática e popular, defendendo o governo Dilma e aprofundando as reformas iniciadas nos dois mandatos de Lula.
“A fundação da tendência Esquerda Popular e Socialista representa a possibilidade da realização de um debate capaz de incorporar novos atores e atrizes sociais com uma nova pauta, para que o PT seja o lugar dos lutadores e das lutadoras do povo,” afirma Angélica Fernandes, direção nacional da Esquerda Popular e Socialista e do diretório estadual do PT-SP. Segundo Angélica, a EPS incorpora pautas como o feminismo, a igualdade racial e o combate à homofobia como temas centrais junto à exploração de classe. “A participação positiva dos militantes durante todo o Congresso nos dá certeza de que seremos exitosos na tarefa que nos propomos realizar” conclui otimista.
Para Renata Rossi, do Diretório Nacional do PT e da direção nacional da nova tendência, “os desafios são construir uma política partidária que tenha como elemento central o diálogo com os movimentos sociais e constituir uma política que aponte o socialismo como horizonte estratégico, reafirmando a centralidade da luta dos trabalhadores e das trabalhadoras, que consiga converter nossa força social em força partidária e que aponte o papel da institucionalidade como instrumento capaz de aprofundar a construção de uma sociedade mais justa, sem exploração e opressão de gênero e racial”.
Movimentos sociais
João Paulo, dirigente do MST, afirmou que o movimento terá uma relação prioritária com a Esquerda Popular e Socialista e, num gesto de aproximação, entregou oficialmente uma bandeira do MST à nova tendência.
Presente na abertura do congresso, o deputado federal e líder da bancada do PT na Câmara, Paulo Teixeira, da corrente Garantia de Luta, disse concordar com os dez pontos programáticos apresentados pela nova tendência. Para Teixeira, “a articulação entre a luta partidária e os movimentos sociais é um ponto extremamente importante para o PT.”
O também deputado federal Arlindo Chinaglia, do Movimento PT, saudou a disposição da criação da nova corrente num momento em que, segundo o deputado, “a maioria está aderindo ao campo majoritário”. Arlindo ressaltou que a luta dos integrantes da nova tendência será árdua, mas necessária e importante.
Segundo o deputado estadual Mauro Rubem (GO), da direção nacional da nova tendência, a Esquerda Popular e Socialista cumpre papel fundamental de trazer para o PT o acúmulo de todas as lutas dos movimentos sociais e sindicais do país. “O desafio é retomar essa centralidade do PT, na qual a presença da luta é o critério da verdade. Os lutadores e lutadoras que querem transformar o Brasil têm que ver no PT o instrumento que deve estar presente na luta do povo. A nossa tendência cria essa ferramenta dentro do partido”, afirma o parlamentar de Goiás.
Também presente na abertura do Congresso, Ricardo Gebrin, da Consulta Popular, afirmou ver com bons olhos o movimento da nova tendência que retoma os conceitos do Encontro do PT de 1987 e remonta o debate do programa democrático e popular. Gebrin afirmou que a Consulta Popular irá trabalhar junto com a nova tendência, respeitando a autonomia de cada um.
Desafios do PT 
Na mesa sobre os desafios de organização do PT, as eleições municipais de 2012 foram apontadas como uma das importantes tarefas da nova tendência que tem como prioridade ampliar a representação nos espaços institucionais.
O deputado federal pela Bahia, Valmir Assunção, avaliou ser possível e eleição de muitos vereadores e prefeitos em todo o Brasil vinculados à EPS. Para ele, uma das preocupações centrais é equacionar o fato de o PT estar cada vez mais na institucionalidade, sem deixar de fortalecer os movimentos sociais e o projeto socialista. “O acúmulo que temos nos parlamentos, executivos, movimentos e militância torna possível elegermos um bom número de vereadores e prefeitos, para que eles possam levar as experiências do PT para mudar a vida e a cultura do povo”, analisa Valmir Assunção.
Direção e calendário
O Congresso de Fundação da Esquerda Popular e Socialista encerrou-se no domingo, 4 de dezembro, com a aprovação do nome da nova tendência, do regimento interno e com a eleição da direção que coordenará os trabalhos no próximo período. A direção nacional da Esquerda Popular e Socialista foi composta paritariamente por 34 mulheres e homens e conta com mais de 20% de jovens e de negros e negras. Na direção executiva nacional estão Renata Rossi, Angélica Fernandes, Julia Feitosa, Luciana Mandeli e Mauro Rubem, Ivan Alex, Shakespeare Martins e Valmir Assunção.

Um comentário:

  1. Conheço o Mauro Rubem, ex-sindicalista, aqui de GO.
    O título poderia ser "Ala esquerda reforça o PT".
    Quem sabe o PT está voltando a ter contato corpo a corpo, como era na década de 80, até mesmo para continuar com as reformas, pois no momento quem grita no terreiro é o pig.
    O PT precisa mesmo reforçar sua ala esquerda sim, mas como sabemos, na década de 80 havia uma disputa acirrada entre as várias alas, de forma que o PT, entendido este como o campo majoritário, tende à conciliação.
    Mas creio que esta ala será muito importante, até mesmo para fazer o PT acordar para a realidade, senão a UDN termina derrubando a Dilma

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