Os brasileiros estão morrendo mais em acidentes de trânsito, principalmente quando o veículo é a motocicleta, mostra o Sistema de Informações de Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde. Os dados de 2010 revelam que 40.610 pessoas foram vítimas fatais, 25% delas por ocorrências com motocicletas. Em nove anos (de 2002 a 2010), a quantidade de mortes causadas por acidentes com motos quase triplicou no país, saltando de 3.744 para 10.143. Em São Paulo, o número de óbitos totalizou 7.160, sendo os por acidentes de motos 1.518, no ano passado.
Para o ministro da Saúde, os dados revelam que o país vive "uma verdadeira epidemia de lesões e mortes no trânsito”. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil ocupa o quinto lugar em ocorrências como essas. “Estamos atrás apenas da Índia, China, EUA e Rússia”, diz o ministro. Ele comemorou a decisão do Supremo Tribunal Federal, que, por unanimidade, entendeu que o motorista que dirigir alcoolizado está cometendo crime, mesmo se não causar danos a outras pessoas. “Esse é um grande avanço e certamente vai contribuir para a redução das tristes estatísticas no trânsito”, disse.
De acordo com o SIM, entre 2002 e 2010, o número total de mortes por acidentes com transporte terrestre cresceu 24%: passou de 32.753 para 40.610. Entre as regiões, o maior percentual de aumento na quantidade de óbitos (entre 2002 e 2010) foi registrado no Norte (53%), seguido do Nordeste (48%), Centro-Oeste (22%), Sul (17%) e Sudeste (10%).
Para Alexandre Padilha, o problema só não é ainda maior devido à ampliação do número de das unidades de urgência e emergência, como as UPAs 24h (Unidades de Pronto Atendimento) e do Samu 192 (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência). “Há uma queda na proporção entre mortes em acidentes e internações. Em 2010, foram contabilizadas 145 mil internações no SUS causadas por acidentes, 15% a mais do que em 2009. Isso representou um investimento de R$ 190 milhões só em procedimentos específicos no sistema. No período, houve um aumento de 8% no número de óbitos."
Os índices de crescimento no número de mortes em consequência de acidentes com motocicletas são ainda mais alarmantes. Em nove anos, os óbitos ocasionados por ocorrências com motos mais que triplicaram na Região Sudeste, saltando de 940, em 2002, para 2.948, em 2010 – um crescimento de 214%. Os óbitos cresceram 165% no Nordeste, 158% no Centro-Oeste, 147% no Norte e 144% no Sul. Segundo Padilha, “neste ano os números do primeiro semestre apontam que são 72,4 mil internações de vítimas de acidentes de trânsito. Desse total, 35,7 mil, vítimas de moto, o que representa quase 50%. A proporção continua subindo”.
O ministro reforçou a importância da prevenção e da fiscalização da Lei Seca, que reduziu drasticamente a tolerância da relação álcool e direção. “Houve uma redução de até 30% nas regiões que tiveram uma ação mais eficaz na fiscalização”, disse. Ele disse que o Ministério da Saúde apoia projetos de lei em discussão no Congresso Nacional que aumentam a pena de motoristas que sejam identificados alcoolizados e a anulação de qualquer parâmetro mínimo de nível alcoólico ao volante.
Propostas como essas estão contidas no Plano da Década de Ações para a Segurança no Trânsito 2011-2020.
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