sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Ainda bem que temos o SUS


A doença de Lula fez com que a extrema direita brasileira saísse da toca para expressar seus sinceros votos de que o ex-presidente/sindicalista/nordestino/cachaceiro/analfabeto arda o mais rapidamente possível nas profundezas do inferno. De quebra, os simpáticos moços e moças que representam a fina flor do fascio caboclo (será que já ouviram falar de Plínio Salgado, seus camisas verdes e do anauê que pretendia substituir o "heil Hitler" original?) aproveitaram para desancar o sistema público de saúde do país, o SUS.
Claro que quem mete o pau no SUS pode ter lá alguma razão: como tudo na vida, ele poderia ser melhor. Mas é inegável o fato de que o sistema representa um avanço extraordinário na universalização dos serviços de saúde - como é inegável que os R$ 30 bilhões anuais que os nossos patrióticos empresários e exemplares parlamentares do consórcio demotucano tiraram do sistema fazem uma falta tremenda  para a população, especialmente a mais pobre.
Bem isso já é passado. E apesar de tudo, o SUS sobrevive como pode, heroicamente atendendo a maioria da população brasileira que não paga plano de saúde particular. Aliás, só quem é muito doente da cabeça poderia supor que alguém que tem direito de se internar no Hospital Sírio-Libanês, como o ex-presidente Lula, iria tratar de sua seríssima doença na rede pública...
O fato é que o SUS é um exemplo para o mundo e uma benção para o povo brasileiro. Foi criado por um país que pertencia ainda ao Terceiro Mundo, que mal havia saído de uma ditadura militar, com imensas dificuldades econômicas, com um milhão de coisas ainda a fazer. Tinha tudo para dar errado - e não deu, avança, aos poucos, é verdade, mas tem feito progressos evidentes que o aproximam do objetivo de dar a todos os seus milhões de beneficiários um atendimento igualitário e digno.
Pouca gente sabe, mas os poderosos americanos dependem de seus rendimentos ou da caridade para tratar de suas doenças. O presidente Obama bem que tentou fazer um SUS por lá, e deu no que deu. Já os seus primos-irmãos, que vivem naquela ilhota conhecida por Grã-Bretanha, os esnobes franceses do continente, os metódicos e trabalhadores alemães, os loiros escandinavos, entre outros, possuem um programa público de saúde que é mais ou menos como o do Brasil.
E, se não me engano, se orgulham disso, não reclamam por ter de contribuir para um sistema que pretende estar disponível para todos, a custo zero, sempre que for preciso.
Para terminar essas mal traçadas, ofereço aos caros leitores uma seleção de notas sobre saúde pública garimpadas no Portal da Saúde e que, evidentemente, ficaram de fora da edição dos jornalões. São boas notícias, e as boas notícias não fazem parte do noticiário da nossa valorosa e isenta imprensa:

- O programa Bolsa Família tem contribuído para avanços na saúde dos seus 13 milhões de beneficiários. Ao melhorar, principalmente, o acesso das famílias à alimentação, o programa, criado em 2003, aumentou o peso das crianças ao nascer, a estatura média do brasileiro e até mesmo a cobertura das campanhas de vacinação infantil.
- A taxa de mortalidade por doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) diminuiu 26% entre 1991 e 2009, caindo de 711 para 526 mortes para cada 100 mil habitantes, como aponta o estudo Saúde Brasil 2010 – uma publicação do Ministério da Saúde que analisa a situação geral de saúde do brasileiro e contribui para a definição de estratégias e políticas públicas de saúde.
- Em dez anos, o número de casos de hanseníase no Brasil caiu 31,5%. A média anual de detecção de novos casos é de 4%, no período de 2001 a 2010. O melhor percentual de redução ocorreu na Região Sudeste, com 45,5%. Nela, quase todos os Estados alcançaram a meta de eliminação da hanseníase enquanto problema de saúde pública. O estudo comprovou ainda que 82,3% dos casos detectados de hanseníase foram curados em 2010.
- Levantamentos preliminares do Ministério da Saúde comprovam impacto significativo das vacinas contra a Influenza A (H1N1) e antipneumocócica na redução de internações por pneumonia nos hospitais do SUS. A avaliação foi feita em dez municípios - São Paulo, Salvador, Recife, Curitiba, Goiânia, Fortaleza, Manaus, Brasília, Belo Horizonte e Porto Alegre -, e considerando dois períodos, de 2005 a 2008, e os anos de 2009 e 2010 (antes e depois da pandemia de influenza).
- O SUS está ampliando em 22% os recursos para assistência oncológica no país. O Ministério da Saúde deve fechar este ano com investimento de R$ 2,2 bilhões no setor – em 2010, o valor foi de R$ 1,8 bilhão. Esse aumento de investimento serviu para ampliar e qualificar a assistência aos pacientes em hospitais públicos e privados que compõem o SUS, especialmente para os tipos de câncer mais frequentes, como fígado, mama, linfoma e leucemia aguda. Em relação a 1999, quando foi definido o atual formato do atendimento oncológico no SUS, o valor quadruplicou.

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