De certa forma, os juízes apenas expõem em suas sentenças as dúvidas da sociedade, que se divide entre o desejo de usufruir o bem-estar que esses grandes empreendimentos vão proporcionar e o medo de que a mudança acabe com o modo de vida a que as pessoas se acostumaram.
No fundo, tudo não passa de medo do novo.
E para não deixar isso explícito, muitos pretextos são usados. Esse de proteger a flora e a fauna da região é um dos mais usuais. Mas ele se mostra frágil na medida em que se sabe que, muitas vezes, a devastação ocorre há muito tempo, sem que até então nenhuma autoridade fizesse absolutamente nada para impedí-la.
Outro componente que se identifica claramente nessas decisões judiciais é o que objetiva pressionar o investidor a fazer mais concessões aos que de uma forma ou outra, serão atingidos pelo empreendimento. Todo projeto do porte de uma usina como Belo Monte, por exemplo, que vai causar grande impacto socioambiental, traz uma série de contrapartidas econômicas e sociais para quem habita suas imediações. Assim, uma sentença como essa última do juiz paraense não deixa de ser uma forma de pressionar o empreendedor por mais benefícios à população que inevitavelmente será afetada pela obra.
Esse intenso ativismo judicial é algo recente, segue em curso com a retomada dos grandes planos do governo federal em áreas essenciais de infraestrutura, como as de energia e transporte, depois de anos e anos sem que nada fosse feito, o que atrasou sobremaneira a possibilidade de crescimento do país.
E, pelo que se anuncia, os juízes terão ainda de gastar muito tempo para decidir em que Brasil seus filhos e netos viverão: se naquele profundamente arraigado num passado contemplativo ou este novo que está nascendo, com o apetite de um adolescente que descobre quanto o mundo é grande e quantas são as oportunidades para conhecê-lo melhor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário