domingo, 14 de agosto de 2011
Trânsito de factoides
A Prefeitura paulistana faz marketing de uma medida que visa proteger os pedestres, algo que já consta do Código de Trânsito Brasileiro. Como em muitos outros casos, trata-se de propaganda pura, ação que visa tão somente a tentar colar no prefeito Gilberto Kassab o rótulo de "moderninho", o cara que "construiu" ciclovias, parques, tentou "humanizar" a metrópole.
Ao mesmo tempo em que lança esses factoides, Kassab nada faz para diminuir a violência do trânsito ou para melhorar a sua fluidez. Para isso teria de desagradar grande parte de seu eleitorado - se é que tem algum -, esse pessoal de classe média que acha o carro a coisa mais importante do mundo, objeto número um dos sonhos, mais importante que qualquer outra coisa.
Até mesmo para que essa campanha em favor dos pedestres funcione é preciso que alguém a fiscalize, que aplique pesadas punições nos infratores, para que eles aprendam que existem regras que têm de ser obedecidas, pois do contrário São Paulo se transformará numa selva, na qual só os mais fortes sobrevivem.
E não estamos muito longe disso hoje. Qualquer pessoa um pouco mais atenta nota que os motoristas paulistanos não têm a noção mais elementar do Código de Trânsito. Não respeitam nem o semáforo vermelho, nem os limites de velocidade, nem sabem o que é direção perigosa ou mão e contramão.
A cidade paga hoje o preço de seus governantes terem investido tão somente no transporte individual, terem construído avenidas e túneis apenas para os carros, terem deixado de lado a expansão do metrô, dos corredores de ônibus, de terem "esquecido" de planejar um sistema viário de massas condizente com as necessidades de milhões de trabalhadores.
Agora é tarde demais para chorar esse crime que foi a omissão do poder público em relação ao transporte urbano paulistano. O que dá para a gente comum fazer é protestar, denunciar, reclamar com toda a força possível desse status quo - e exigir que essa caricatural figura que está no comando da megalópole faça algo mais do que lançar medidas meramente eleitoreiras.
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