terça-feira, 16 de agosto de 2011

A força do Bric


Não há mais dúvida de que um novo cenário geopolítico global está cada vez mais próximo: os mercados de capitais enfrentam altos e baixos, os Estados Unidos e os países europeus sofrem com as próprias dívidas, as economia norte-americana e europeia se desaceleram e não inspiram otimismo em relação ao futuro.
Um das interrogações é se uma nova recessão global se anuncia. Para o economista Michael Hüther, diretor do Instituto da Economia Alemã (IW, na sigla original), isso dependerá de forma decisiva de como os assim chamados mercados emergentes vão se desenvolver, em especial os do grupo que ficou conhecido como Bric, que reúne Brasil, Rússia, Índia e China.
Caso não tenham que encarar convulsões ou crises mais graves em nível nacional, esses países serão os gigantes econômicos de amanhã. "E isso num prazo não muito longo", avalia Hüther. Já em 2015, as quatro nações serão responsáveis por quase 30% do desempenho econômico global, superando, de longe, a zona do euro. "Essa ficará com apenas 13%. Em 1995 estávamos em 20%."
Com seu poder de propulsão, os países emergentes podem se tornar uma locomotiva de crescimento para a economia global, pois compram cada vez mais produtos em todo o mundo e investem fortemente em infraestrutura. Já no período de 2002 a 2010, os Brics contribuíram com 12% a 21% do crescimento internacional das importações, suplantando assim os EUA – exceto nos anos 2004 e 2005.
A China tem uma participação decisiva nessa dinâmica. O país é responsável por mais de 60% do crescimento das importações globais. "No entanto é preciso notar que a parcela dos outros três Estados do Bric é cada vez maior. O impulso vem, sobretudo, da Índia e da Rússia", diz o economista do IW.
Já no próximo ano os quatro grandes emergentes estarão investindo em sua infraestrutura quase tanto quanto os países industrializados. Um fato tão mais notável considerando-se que dez anos atrás o volume de investimentos das nações industrializadas era mais de quatro vezes superior.
A Alemanha, que tem uma economia voltada para as exportações, é um dos países que mais se beneficiam dessa tendência. Nos últimos anos aumentou drasticamente a importância dos emergentes como parceiros econômicos da Alemanha. Enquanto as exportações alemãs cresceram um total de 21% entre 2005 e 2010, as vendas para o Brasil, Rússia, Índia e China galgaram respeitáveis 107% no mesmo período.
Segundo Hüther, os setores de exportações tradicionalmente fortes da Alemanha são justamente os mais atraentes para o Bric. "Cerca de 30% de todas as mercadorias compradas da Alemanha pelos Estados do Bric provêm do setor de maquinaria, 22% do de veículos, 17% da indústria elétrica e 15% da química."
Em 2010 as empresas alemãs exportaram um total de 100 bilhões de euros para os países do Bric, um terço a mais do que as entregas para os Estados Unidos. Contudo, não é apenas através das exportações que o empresariado alemão pretende lucrar com o boom dos países emergentes.
Como mostra uma pesquisa realizada pelo Instituto da Economia Alemã no segundo trimestre deste ano, as empresas do país estão cada vez mais interessadas em investir nos Brics. Até 2015, mais de 20% de todos os investimentos da Alemanha no exterior deverão estar fluindo para Brasil, Rússia, Índia e China. (Informações da Deutsche Welle)

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