quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Balcão de negócios


O Partido da República, mais conhecido como PR, centro do escândalo de corrupção no Ministério dos Transportes, acaba de anunciar sua "independência" da base de sustentação do governo Dilma. Nem por isso, avisa na "Carta aos Republicanos" na qual dá conta de sua decisão, vai deixar de participar de "modo construtivo do debate e encaminhamento de todos os assuntos em pauta no parlamento" e apoiar, "de forma incondicional, todas as decisões que defendam e atendam os interesses do povo brasileiro, missão fundamental no exercício de nossos mandatos".
Em outras palavras, os parlamentares do PR, que avisa também que entregará todos os cargos que ocupa no governo, pretendem ficar em cima do muro.
Como somam 48 deputados federais, podem ser os fieis da balança em muitas votações. E assim, na prática, têm condições de barganhar à vontade seus votos.
A manobra do PR foi esperta. Mostra que sua liderança entende perfeitamente o jogo político. Se simplesmente fosse para a oposição, como um gesto de retaliação contra a faxina promovida pela presidenta, o partido estaria acabado, jogado à vala onde flutuam os dejetos de uma oposição sem bandeiras, sem ideias e sem rumo.
Mas ao se declarar "independente", assume um papel de relativa importância estratégica. Principalmente se conseguir arrebanhar para o seu lado outros parlamentares descontentes com o que têm conseguido extorquir do governo - e eles não são poucos.
Episódios como esse mostram a necessidade urgente de uma reforma política. O problema todo é que, do jeito que as coisas estão, elas são extremamente boas para essa grande parcela de políticos que veem em sua  ocupação apenas um modo de enriquecer mais facilmente, que usam o Congresso como um grande balcão de negócios aberto 24 horas por dia, sete dias por semana.
E, sendo assim, não pretendem alterar nenhuma vírgula da legislação que aí está.

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